Logo UNIFESP

UNIFESP - Redação


Redação Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Redação

Proposta

Texto 1

(www.chargeonline.com.br)

 

Texto 2

O secretário de Estado americano, John Kerry, defendeu o programa de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) na segunda-feira [12.08.2013] e minimizou o seu impacto sobre os esforços dos Estados Unidos em aprofundar as relações com o Brasil e a Colômbia, os dois principais aliados na América Latina.

Kerry tentou minimizar a informação de que cidadãos da Colômbia, México, Brasil e outros países estão entre os alvos da grande operação da NSA para monitorar ligações telefônicas e de internet em todo o mundo. O fato foi divulgado pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden.

“Tudo o que aconteceu respeitou a Constituição e as leis. O presidente Obama deu grandes passos nos últimos dias para tranquilizar as pessoas sobre as suas intenções na América Latina”, explicou Kerry.

(www.estadao.com.br)

Texto 3

Uma ilegalidade inadmissível, que provocou indignação e repúdio.

Essas foram algumas das fortes expressões que a presidente Dilma Rousseff usou ontem [24.09.2013] ao abrir a Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque, para definir a sua reação às denúncias de que ela e a Petrobras foram alvos prioritários da espionagem dos EUA.

Dilma, que há uma semana cancelou a visita que faria ao colega americano, Barack Obama, disse que o esquema da NSA afronta a comunidade internacional.

“Estamos diante de um caso grave de violação dos direitos humanos e das liberdades civis”, disse.

Para ela, “imiscuir-se dessa forma na vida de outros países fere o direito internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre eles, sobretudo entre nações amigas”.

(www.folha.uol.com.br. Adaptado.)

Texto 4

 

Após as novas revelações de que o celular da chanceler alemã, Angela Merkel, teria sido espionado pelos EUA, o diretor da inteligência nacional americana, James Clapper, defendeu a espionagem de líderes estrangeiros.

“Conhecer as intenções dos líderes é uma espécie de princípio básico do que nós coletamos e analisamos”, declarou Clapper, que chefia as agências responsáveis por esse tipo de ação nos EUA.

O diretor, que depôs nesta terça-feira [29.10.2013] no Comitê de Inteligência da Câmara americana, afirmou, porém, que a ação da NSA não é indiscriminada.

Segundo Clapper, países aliados, incluindo integrantes da União Europeia, também espionaram os EUA.

(www.folha.uol.com.br)

 

Texto 5

 

Estadistas são adeptos da Realpolitik e, portanto, sabem diferenciar o real da ilusão. No entanto, “vendem”, nos jornais, que é possível viver num mundo altamente competitivo sem espionagem de países contra países. Fica-se com a impressão de que, sob pressão, os Estados Unidos vão parar de monitorar estadistas dos países mais importantes tanto do ponto de vista da economia quanto da geopolítica. Não vão. Podem até sofisticar a espionagem, quem sabe tornando-a mais acadêmica – com amplos estudos em vários campos, inclusive, como já fizeram outras vezes, da antropologia –, mas deixá-la de lado é uma impossibilidade lógica. Países poderosos, mas não só os imperiais, habilitam algumas de suas “táticas” e “estratégias” a partir de informações obtidas, pública ou secretamente, de outras nações.

Enganam-se, portanto, aqueles que, induzidos por aquilo que se lê na imprensa, acreditam que, um dia, os Estados Unidos vão deixar de espionar. Um realista absoluto como Barack Obama – que só iludiu aqueles que queriam ser iludidos, porque, em política, não se ilude ninguém que consegue refletir ao menos por alguns momentos – sabe que, para manter seu país no topo, precisa ter informações privilegiadas. Por isso, vai fazer o impossível para colhê-las onde julgar necessário.

(www.jornalopcao.com.br)

 

Levando em consideração os diferentes pontos de vista apresentados pelos textos e seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

PROGRAMA DE ESPIONAGEM NORTE-AMERICANO:

AUTOPROTEÇÃO OU VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DAS OUTRAS NAÇÕES?

 



Comentários

A proposta de redação da Unifesp 2013 exigiu, como de costume, que o candidato elaborasse uma dissertação argumentativa. Porém, tratou de um tema um tanto distante do cotidiano dos estudantes: a espionagem dos Estados Unidos sobre outros países, revelada há alguns meses. Esse tema, embora tenha merecido ampla cobertura da mídia, diferencia-se do padrão observado em vestibulares recentes, que tendem a privilegiar assuntos ligados mais diretamente a situações sociais no Brasil.

A frase-tema apresentada serviu como um guia para as reflexões do candidato acerca do tema: PROGRAMA DE ESPIONAGEM NORTE-AMERICANO: AUTOPROTEÇÃO OU VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DAS OUTRAS NAÇÕES? Um elemento importante a ser considerado, quando a frase-tema é uma pergunta, é que se espera da dissertação uma resposta clara a essa pergunta; ou seja, não basta elaborar um texto expositivo, apresentando a situação da espionagem e deixando que o leitor forme suas próprias conclusões. No entanto, o fato de a frase-tema ser uma pergunta em forma alternativa (autoproteção OU violação) não significa necessariamente que o candidato deva adotar uma posição radical, assumindo uma posição totalmente alinhada a uma das opções: é aceitável, nesse tipo de tema, que o candidato elabore uma tese segundo a qual ambos os aspectos estejam presentes (ou seja, a espionagem pode ser considerada simultaneamente um exemplo de autoproteção e de invasão).

A coletânea trouxe 5 textos, que ajudaram a informar o candidato sobre o tema e poderiam ser usados como subsídio para a elaboração da tese e dos argumentos. O texto 1, uma charge, pode ser interpretado como uma ironia feita pelo autor: segundo ela, a espionagem é uma atividade disseminada entre os países, que a aplicam uns aos outros. Seria ingenuidade, portanto, isolar o governo dos Estados Unidos como único responsável por essa prática.

Os textos 2 e 3 apresentam visões antagônicas a respeito da espionagem estadunidense: enquanto o secretário de Estado americano John Kerry defende as atitudes de seu governo e as considerada legítimas, a presidente brasileira, Dilma Roussef, classifica as mesmas ações como ilegais e dignas de indignação. Com base nesses dois excertos, o candidato poderia facilmente concluir que houve reações diferentes em relação à espionagem.

Finalmente, os textos 4 e 5 apresentam visões mais frias a respeito da espionagem, assumindo sua inevitabilidade como algo natural à política. Dessa forma, oferecem ao candidato argumentos para um texto mais equilibrado e menos emocional, em que julgamentos morais sobre a atitude política seriam substituídos por uma análise das causas e consequências da espionagem dentro da política moderna (aliás, seria possível fazer referência aqui às ideias de Maquiavel, que se preocupou em mostrar como as coisas aconteciam na política e não como deveriam acontecer de acordo com preceitos morais.)

De modo geral, embora a prova de redação da Unifesp 2013 tenha trazido um tema um pouco mais distante do cotidiano do que costumamos observar em provas recentes, apresentou informações e argumentos suficientes para que o candidato fizesse uma boa dissertação.