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Questão 7 1ª fase

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Questão 7

Intertextualidade e Interdiscursividade língua oral e língua escrita

Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira, aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para ficar mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.

 


De acordo com o texto, a boa tradução precisa



a)
evitar a transposição fiel dos conteúdos do texto original.
b)
desconsiderar as características da linguagem primeira para poder atingir a língua de chegada.
c)
desviar-se da norma-padrão tanto da língua original quanto da língua de chegada.
d)
privilegiar a inventividade, ainda que em detrimento das peculiaridades do texto original.
e)
buscar, na língua de chegada, soluções que correspondam ao texto original.
Resolução

a) Incorreta. A afirmação é problemática por entender que a recomendação do texto seja a de evitar uma transposição fiel. Não se pode considerar que a tradução feita frase a frase seja uma tradução fiel, visto que há peculiaridades tanto da língua de partida, quanto da língua de chegada às quais o bom tradutor deve ficar atento e que podem passar despercebidas caso seja feita uma tradução por blocos. Para o autor do texto, haverá a necessidade de realizar transgressões e, mesmo assim, poder-se-á obter uma boa margem de fidelidade em relação ao texto original.

b) Incorreta. Schnaiderman afirma que o tradutor deve atentar-se às características da linguagem do texto de origem, no trecho: “[...] desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira”. Para o autor, é a consideração dessas características que permitirá o trabalho com o texto na língua de chegada.

c) Incorreta. Deve-se notar que, na afirmação do autor, de que o tradutor deve transgredir sem receio “quando necessário, as normas do ‘escrever bem’”, não se determina a necessidade de desvio da norma-padrão das línguas envolvidas no processo tradutório, mas sim abre-se a possibilidade para que isso seja feito em alguns casos, permitindo uma maior aproximação entre o texto original e o texto traduzido, caso a transgressão à norma seja proposital.

d) Incorreta. Para Schnaiderman, a inventividade é orientada pelas peculiaridades do texto original, isto é, uma boa tradução deverá tomá-las como ponto de partida para a criação dos afastamentos necessários em relação ao texto de origem, de modo a, paradoxalmente, promover uma aproximação entre o original e o traduzido. Deste modo, sem o entendimento das peculiaridades do texto original, não se poderia criar as especificidades do texto traduzido que, embora se aproximem pela intenção comunicativa, distinguem-se pelas características das línguas com as quais o tradutor trabalha.

e) Correta. O autor defende a ideia de que as transgressões seriam uma solução tradutória para que o texto de chegada mantivesse a mensagem do texto de origem, em sua relação com a língua e a linguagem de partida. Para isso, o autor deve dominar tanto a especificidade da língua de chegada, quanto da língua de partida, de modo a traduzir “com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando”.