Para Maquiavel, quando um homem decide dizer a verdade pondo em risco a própria integridade física, tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa. Mas se esse mesmo homem é um chefe de Estado, os critérios pessoais não são mais adequados para decidir sobre ações cujas consequências se tornam tão amplas, já que o prejuízo não será apenas individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as circunstâncias e os afins a serem atingidos, pode-se decidir que o melhor para o bem comum seja mentir.
ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força. São Paulo: Moderna, 2006 (adaptado).
TEXTO I
E pois que em outra cousa nesta parte me não posso vingar do demônio, admoesto da parte da cruz de Cristo Jesus a todos que este lugar lerem, que deem a esta terra o nome que com tanta solenidade lhe foi posto, sob pena de a mesma cruz que nos há de ser mostrada no dia final, os acusar de mais devotos do pau-brasil que dela.
BARROS, J. In: SOUZA, L.M Inferno atlântico: demonologia e colonização: séculos XVI-XVIII. São Paulo: Cia das Letras, 1993.
TEXTO II
E deste modo se hão os povoadores, os quais, por mais arraigados que na terra estejam e mais ricos que sejam, tudo pretendem levar a Portugal, e, se as fazendas e bens que possuem souberam falar, também lhes houveram de ensinar a dizer como os papagaios, aos quais a primeira coisa que ensinam é: papagaio real para Portugal, porque tudo querem para lá.
SALVADOR, F. V. In: SOUZA, L. M. (Org.). História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Cia. das letras, 1997.
As críticas desses cronistas ao processo de colonização portuguesa na América estavam relacionadas à
a) |
utilização do trabalho escravo. |
b) |
implantação de polos urbanos. |
c) |
devastação de áreas naturais. |
d) |
ocupação de terras indígenas. |
e) |
exploração de riquezas locais. |
a) Incorreta. Os textos não aludem à utilização do trabalho escravo, focando na questão da exploração dos recursos naturais do Brasil por parte dos portugueses.
b) Incorreta. Não há referência nos textos à questão da implantação de polos urbanos pelos colonizadores portugueses no território brasileiro. Ao contrário, é destacado um ambiente natural onde há o pau-Brasil, papagaios e fazendas.
c) Incorreta. Não há nenhuma crítica por parte dos autores dos textos em relação à devastação de áreas naturais. Ao contrário, pode-se afirmar que esta questão é uma temática contemporânea.
d) Incorreta. Não existe, nos dois fragmentos de texto, nenhuma menção crítica à ocupação de terras indígenas por parte dos colonizadores. Novamente, essa é uma preocupação contemporânea e não apropriada ao pensamento do período colonial.
e) Correta. Os dois fragmentos de texto focam suas descrições na crítica ao modo como os colonizadores estão preocupados em explorar as riquezas naturais da colônia, seja o pau-brasil ou outras riquezas, logo remetendo-os para a metrópole.