Quando a pandemia de covid-19 alastrou-se pelo Brasil, cientistas do Instituto Butantan dedicaram-se à pesquisa de uma vacina. O método usado foi a inoculação viral em ovos de galinha, técnica já utilizada para a produção da vacina da gripe (Influenza) e grande especialidade do Butantan. Nascia assim a ButanVac, imunizante do Butantan contra o SARS-CoV-2 inteiramente produzido no Brasil.
(https://butantan.gov.br. Adaptado.)
Nesta técnica, uma pequena quantidade de vírus modificado, inofensivo para humanos, é inoculada em ovos que posteriormente serão incubados por 72 horas. Ao final deste período haverá uma grande quantidade de vírus em um líquido que contém resíduos metabólicos armazenados em uma estrutura do ovo. Esse líquido é então coletado, os vírus são isolados, inativados e utilizados na produção da vacina. A imagem representa as estruturas internas de um ovo embrionado de galinha.
Na imagem, a estrutura em que ocorre a replicação viral e a estrutura da qual os vírus são coletados para purificação e produção de vacina estão representadas, respectivamente, pelos números
a) |
2 e 3. |
b) |
5 e 6. |
c) |
4 e 5. |
d) |
3 e 4. |
e) |
1 e 2. |
Vírus, como o SARS-CoV-2 (causador da pandemia de COVID-19), são entidades replicantes acelulares (não são formados por células), consideradas parasitas intracelulares obrigatórios (só conseguem se reproduzir no interior de células vivas). Devido à ausência de célula e, portanto, de metabolismo próprio, os vírus precisam infectar células hospedeiras para utilizar a maquinaria bioquímica (ribossomos, enzimas, ATP, aminoácidos, RNAt, retículo endoplasmático rugoso, etc.) necessária à formação de novas unidades virais. Portanto, o processo de reprodução dos vírus em laboratório deve ser realizado por meio do cultivo de células, de modo que os vírus possam realizar seu ciclo replicativo e produzir novos vírions.
Um dos métodos mais empregados no processo de reprodução de vírus causadores de doenças em seres humanos, como é feito nos laboratórios do Butantan, é o uso de ovos embrionados de galinha. Nesse caso, os embriões em desenvolvimento dentro do ovo contêm as células que serão usadas pelos vírus como células hospedeiras.
Portanto, a estrutura em que ocorre a replicação viral é o próprio embrião (3), pois ele contém as células hospedeiras dos vírus.
O ovo de galinha é um ovo amniótico, principal novidade evolutiva dos vertebrados conhecidos como amniotas: répteis, aves e mamíferos. No ancestral comum desse grupo, foi selecionado um tipo de ovo que possuía quatro diferentes anexos embrionários, ou seja, estruturas formadas pelo embrião em seu processo de desenvolvimento e que são descartadas após o nascimento: saco vitelínico, âmnio, alantoide e cório (Figura 1).
Figura 1: anexos embrionários do ovo amniótico.
Dentre os anexos embrionários do ovo amniótico, apenas o saco vitelínico já existia no ancestral comum de peixes e anfíbios, vertebrados que se reproduzem, em geral, em ambiente aquático. A função do saco vitelínico é armazenar vitelo, reserva de proteínas e lipídios para o desenvolvimento do embrião. Porém, com a conquista do ambiente terrestre, o desenvolvimento embrionário passou a ocorrem em ambiente terrestre, o que selecionou estruturas que pudessem garantir a sobrevivência do embrião em um ambiente hostil e dessecante. As funções dos três anexos característicos dos amniotas são:
Portanto, o anexo embrionário que armazena resíduos metabólicos e de onde são coletados os vírus para purificação é o alantoide (4).
a) Incorreta. O número 2 indica o âmnio e o número 3, o embrião.
b) Incorreta. O número 5 indica o cório e o número 6, o saco vitelínico.
c) Incorreta. O número 4 indica o alantoide o número 5, o cório.
d) Correta. O número 3 indica o embrião e o número 4, o alantoide.
e) Incorreta. O número 1 indica a clara do ovo, formada por água e albumina, e o número 2, o âmnio.