Entre as diversas técnicas para diagnóstico da covid-19, destaca-se o teste genético. Considerando as diferentes variantes e cargas virais, um exemplo é a PCR, reação efetuada por uma enzima do tipo polimerase. Essa técnica permite identificar, com confiabilidade, o material genético do SARS-CoV-2, um vírus de RNA. Para comprovação da infecção por esse coronavírus, são coletadas amostras de secreções do indivíduo. Uma etapa que antecede a reação de PCR precisa ser realizada para permitir a amplificação do material genético do vírus.
Essa etapa deve ser realizada para
a) |
concentrar o RNA viral para otimizar a técnica. |
b) |
identificar nas amostras anticorpos anti-SARS-CoV-2. |
c) |
proliferar o virus em culturas, aumentando a carga viral. |
d) |
purificar ácidos nucleicos virais, facilitando a ação da enzima. |
e) |
obter moléculas de cDNA viral por meio da transcrição reversa. |
A técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction ou reação em cadeia da polimerase) é amplamente utilizada em diferentes técnicas de biotecnologia, incluindo a detecção de patógenos por meio da amplificação do DNA. Nessa técnica, são utilizados reagentes que possibilitam a replicação in vitro, a amostra de DNA e o equipamento denominado termociclador. O processo envolve diversos ciclos de replicação (geralmente 35 ciclos) com as seguintes etapas:
- Desnaturação: a amostra é submetida a temperaturas altas (95ºC) que levam ao rompimento das ligações de hidrogênio entre as bases nitrogenadas e, consequentemente, separação da dupla fita de DNA. Na replicação in vivo esse processo é realizado pela enzima DNA helicase.
- Anelamento: o termociclador resfria para que ocorra a ligação dos primers (iniciadores) que são específicos e complementares ao início e ao final da sequência de DNA-alvo da amostra. Ao encontrar o DNA com sequência complementar, os primers se ligam e delimitam o trecho que será amplificado.
- Extensão: a DNA polimerase, obtida de Thermus aquaticus, adiciona, na extremidade 3', os nucleotídeos complementares a cada fita na região delimitada pelos primers. Como resultado, novas moléculas de DNA são formadas a partir do trecho delimitado pelos primers.
O SARS-CoV-2, causador da covid-19 é um vírus de RNA e que, portanto, não possui DNA como material genético, inviabilizando que o material genético viral seja diretamente usado como amostra da PCR. Assim, no caso de um vírus de RNA, o DNA deve ser obtido por meio de transcrição reversa em uma etapa anterior à amplificação por PCR. Por meio da utilização da enzima transcriptase reversa (TR), o RNAviral é utilizado como molde para a obtenção do DNA complementar (cDNA). É este cDNA que será utilizado como molde na PCR e partir do qual ocorrerá a amplificação.
Após a ação da transcriptase reversa e realização da PCR, é hora de analisar os resultados. Caso o DNA esteja presente na amostra, a técnica de PCR resultará em um produto amplificado que pode ser visualizado e/ou quantificado. Assim, se amostras de DNA forem detectadas pela técnica de PCR, é um indicativo que o vírus está presente no material coletado e a doença é confirmada. Se a amostra não contiver o DNA de interesse, não ocorrerá a ligação dos primers e não haverá amplificação na PCR, indicando que a amostra coletada não contém o vírus.
a) Incorreta. A técnica de PCR amplifica amostra de DNA. Assim, a concentração do RNA não levaria à otimização da técnica, sem que a etapa de transcrição reversa fosse realizada previamente para a formação do cDNA.
b) Incorreta. Os anticorpos anti-SARS-CoV-2 são detectados no plasma sanguíneo em indivíduos que já tiveram exposição ao vírus ou que foram vacinados. A sorologia foi utilizada como uma forma de detectar se as pessoas tiveram covid-19 previamente ou estavam com a doença, mas é uma técnica distinta de RT-PCR, já que a sorologia é um teste que verifica a presença de anticorpos, enquanto a RT-PCR é um teste que verifica a presença do vírus.
c) Incorreta. A técnica de RT-PCR possibilita a detecção viral sem a necessidade do aumento da carga viral, já que o material genético presente na amostra é amplificado in vitro. Além disso, não haveria a amplificação sem a formação do cDNA previamente, mesmo que a carga viral fosse elevada.
d) Incorreta. Na técnica não é necessário purificar os ácidos nucleicos virais, representados por moléculas de RNA, no caso do SARS-CoV-2. Para que a enzima consiga atuar na replicação, deve ser realizada a transcrição reversa que possibilita a obtenção do cDNA.
e) Correta. A obtenção do cDNA viral é possível por meio da transcrição reversa do RNAviral, material genético do SARS-CoV-2. Posteriormente, a amostra de cDNA pode ser utilizada para amplificação pela técnica de PCR, que amplifica amostra de DNA.