Questão 131 Enem 2022 - dia 2 - Matemática e Ciências da natureza
Desde a proposição da teoria de seleção natural por Darwin, os seres vivos nunca mais foram olhados da mesma forma. No que diz respeito à reprodução de anfíbios anuros, os cientistas já descreveram diferentes padrões reprodutivos, como os exemplificados a seguir:
Espécie 1 - As fêmeas produzem cerca de 5 000 gametas, que são fecundados na água, em lagoas temporárias de estação chuvosa. Todo o desenvolvimento embrionário, do ovo à metamorfose, ocorre, nesse ambiente, independente dos pais.
Espécie 2 - As fêmeas produzem aproximadamente 200 gametas, que são depositados em poças próximas a corpos-d'água. Os embriões são vigiados pelos machos durante boa parte do seu desenvolvimento.
Espécie 3 - As fêmeas produzem por volta de 20 gametas, que são fecundados sobre a superfície das folhas de plantas cujos galhos estão dispostos acima da superfície de corpos-d'água e aí se desenvolvem até a eclosão.
Espécie 4 - As fêmeas produzem poucos gametas que, quando fecundados, são "abocanhados" pelos machos. Os embriões se desenvolvem no interior do saco vocal do macho até a metamorfose, quando saem através da boca do pai.
Os padrões descritos evidenciam que
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as fêmeas influenciam o comportamento dos machos. |
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o cuidado parental é necessário para o desenvolvimento. |
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o grau de evolução determina o comportamento reprodutivo. |
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o sucesso reprodutivo pode ser garantido por estratégias diferentes. |
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o ambiente induz modificação na produção do número de gametas femininos. |
A evolução por seleção natural é um processo capaz de modificar as populações ao longo do tempo. Essas modificações são sempre adaptativas, levando ao aumento da aptidão (fitness) dos indivíduos ao ambiente onde vivem.
A seleção natural é capaz de modificar as estratégias reprodutivas empregadas por diferentes espécies, dependendo do contexto ecológico e dos nichos ocupados por cada uma delas. Assim, existem desde espécies que produzem muitos descendentes e não oferecem cuidado parental, o que resulta em baixa taxa de sobrevivência dos filhotes (Figura 1), até espécies que produzem poucos descendentes, mas oferecem cuidado parental, o que resulta em alta taxa de sobrevivência dos filhotes (Figura 2).
Figura 1: estratégia empregada pela espécie 1, na qual há produção de muitos ovos, mas os adultos não oferecem proteção e alimento para a prole. Espécie de anuro (Bufo bufo) em um lago da Polônia.
Figura 2: estratégia empregada pela espécie 3, na qual há produção de poucos ovos, mas os adultos oferecem proteção para a prole, aumentando sua taxa de sobrevivência. Espécie de anuro cuidando dos ovos colocados na superfície de uma folha em Madagascar.
a) Incorreta. Embora a distribuição das fêmeas no tempo e no espaço seja capaz de influenciar o comportamento dos machos, o texto descreve diferentes estratégias reprodutivas em diferentes espécies de anuros. Portanto, não é o comportamento dos machos que muda nas diferentes espécies, mas sim as estratégias reprodutivas empregadas por fêmeas e machos.
b) Incorreta. Como evidenciado pela espécie 1, o cuidado parental não é necessário para o desenvolvimento dos embriões e larvas. Nessa espécie, as fêmeas produzem muitos gametas e não há cuidado parental, de modo que a taxa de sobrevivência da prole é reduzida, mas isso não inviabiliza a sobrevivência da espécie.
c) Incorreta. O comportamento reprodutivo é influenciado pelo ambiente, de modo que diferentes estratégias funcionam melhor em diferentes contextos ecológicos. Portanto, não se pode afirmar que as diferentes estratégias reprodutivas descritas no enunciado representem diferentes graus de evolução, uma vez que todas elas são igualmente bem adaptadas aos ambientes onde evoluíram.
d) Correta. Conforme explicado acima, estratégias bastante distintas apresentam sucesso reprodutivo, a depender do contexto, podendo promover a sobrevivência das espécies.
e) Incorreta. O número de gametas femininos produzidos é geneticamente determinado, estando sujeito à evolução por seleção natural. Portanto, qualquer modificação induzida pelo ambiente estará limitada à plasticidade fenotípica da espécie. Apenas a teoria lamarckista consideraria que o ambiente é capaz de induzir alterações no genótipo dos indivíduos (lei do uso e do desuso) e sua transmissão para gerações futuras (lei da transmissão dos caracteres adquiridos).