Após analisar os resultados de um exame, o médico faz um breve resumo para sua paciente:
— “O resultado do seu HDL foi de 55 mg/dL e seu LDL foi de 135 mg/dL”.
— “E isso é ruim ou bom, doutor?”, pergunta a paciente.
— “No seu caso, considerando que você é uma mulher que tem 20 anos, e que seu índice de massa corporal (IMC) é de 30 kg/m2, o limite utilizado como referência para HDL é de aproximadamente 40 mg/dL, e para o LDL é de 100 mg/dL”, responde o médico.
Em relação a este diálogo fictício, responda às questões a seguir.
a) Que tipo de exame o médico está comentando com sua paciente? Descreva o significado das siglas HDL e LDL, e aponte o órgão responsável por remover o HDL e o LDL do organismo.
b) Considerando que a dieta desta paciente é majoritariamente composta por proteínas, lipídios e açúcares, que dieta o médico deveria recomendar-lhe tendo em vista os resultados de seu exame e de seu IMC? Justifique sua resposta.
Dado: O IMC é uma métrica adotada pela OMS para classificar questões de saúde relacionadas ao peso, tais como desnutrição e obesidade. O resultado do cálculo indica a faixa em que o indivíduo se encontra, considerando-se a classificação ao lado. |
a) O médico está dialogando com a paciente sobre um exame de sangue, o qual pode fornecer informações sobre o estado de saúde geral do indivíduo, mediante medição de uma grande variedade de parâmetros, os quais podem ser comparados com valores de referência.
O HDL e LDL fazem referência a moléculas lipoproteicas, formadas por uma quantidade considerável de colesterol, proteínas e outras moléculas. O HDL (lipoproteína de alta densidade) é formado por colesterol e fosfolipídios, associados a uma grande quantidade de proteínas; já o LDL (lipoproteína de baixa densidade) também é formado por colesterol e fosfolipídios, porém, associados a uma quantidade menor de proteínas quando comparado ao HDL. O LDL, também chamado de colesterol ruim, é responsável pelo transporte do colesterol do fígado em direção aos vasos sanguíneos e destes em direção às células dos tecidos, locais onde a molécula de colesterol será utilizada no metabolismo para produção de outras moléculas funcionais, como hormônios e vitaminas, ou passará a integrar a estrutura de membranas celulares, tanto de organelas como da própria célula. O termo “colesterol ruim” se deve ao fato de o LDL favorecer, quando em grande quantidade, a formação de placas de ateroma, aumentando o risco de problemas cardiovasculares. Já o HDL, também conhecido como “colesterol bom”, faz o transporte reverso do colesterol, ou seja, promove o retorno das gorduras dos vasos, incluindo o LDL, em direção ao fígado. Quantidades adequadas de HDL podem prevenir problemas coronarianos, AVC e outros anomalias cardiovasculares. Uma vez no fígado, as gorduras podem ser armazenadas ou metabolizadas para formar outras moléculas, como os sais biliares, os quais são liberados na luz do sistema digestório para participar da emulsificação das gorduras. Portanto, o órgão responsável pela remoção e regulação do HDL e o LDL do organismo é o fígado.
b) Observando a classificação do IMC, citado no exercício, a paciente já pode ser considerada com "obesidade grau I" e os valores de HDL e LDL, de acordo com o médico, estão acima dos valores de referência.
Sem considerar possíveis particularidades das condições de saúde da paciente que possam existir, para que a paciente tenha uma redução do IMC e passe a ter concentrações mais saudáveis de HDL e LDL, o médico deveria recomendar uma dieta que continue contendo proteínas, lipídios e açúcares, porém, em quantidades e proporções que sejam condizentes com os resultados de saúde esperados. Para ter melhorias nos níveis do HDL e LDL e redução do IMC, será preciso reduzir ou evitar a ingestão de alimentos ricos em colesterol e altamente calóricos, como bacon, hamburger, ovos, frituras e carnes gordurosas. Esses alimentos possuem alto percentual de gordura, as quais não são usadas de imediato em nosso organismo, mas enviadas ao tecido adiposo subcutâneo e visceral e estocados como forma de reserva. Para reduzir o IMC, também será importante evitar alguns tipos de alimentos de alto índice glicêmico (IG) e carga glicêmica (CG), como batata inglesa, macarrão, pão branco e doces processados, feitos com açúcar refinado. A ingestão excessiva de alimentos de alto IG e alto CG favorece a conversão dos carboidratos em gorduras, seguido do armazenamento delas nos adipócitos do tecido gorduroso do organismo, elevando o IMC. Além dessas recomendações, a introdução de alimentos que ajudem na redução do colesterol, como os que possuem fibras solúveis, como aveia, ou dificultem a absorção de gorduras, como frutas, também podem fazer parte da dieta. As fibras solúveis reduzem a reabsorção dos sais biliares, obrigando o fígado a produzi-los em maior quantidade, a partir do colesterol que é removido do sangue. Algumas frutas, por sua vez, contêm carboidratos como a pectina, que dificultam a assimilação da gordura durante o processo de absorção intestinal.