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Questão 23 Unicamp 2023 - 1ª fase

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Questão 23

Geologia Pedologia Recursos Minerais

Subsidência é um tipo de colapso em uma superfície, caracterizado por deformação quase vertical do terreno ou pela reacomodação dos materiais em subsuperfície. Os solos muito argilosos estão entre os materiais mais suscetíveis à subsidência. Na cidade de Maceió (AL), esse fenômeno tem afetado diversos bairros da cidade.

(Adaptado de Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Estudos sobre a instabilidade do terreno nos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro, Maceió (AL). Ação Emergencial no Bairro Pinheiro. Volume I. RELATÓRIO SÍNTESE DOS RESULTADOS Nº 1. Brasília: CPRM, 2019; Adaptado de Edward A. Keller; Robert H. Blodgett. Riegos naturales: processos de la Tierra como riegos, desastres y catástrofes. Madrid: Pearson Educación, 2004. p. 141.)

A partir do texto e da figura anterior, é correto afirmar que a

 



a)

água se infiltra sem grandes dificuldades em solos muito argilosos, por isso o processo de expansão das argilas é permanente, tornando a área ideal para o desenvolvimento de cultivos permanentes.

b)

subsidência em solos muito argilosos é um processo reversível, pois ocorre apenas nos períodos secos quando o solo se contrai na ausência de água. A reversão acontece nos períodos úmidos.

c)

mecanização das lavouras e a construção de edificações podem ocorrer sem restrições em áreas em que ocorrem a contração e expansão das argilas decorrentes da variação da umidade do solo.

d)

subsidência em solos muito argilosos é um processo irreversível, pois uma vez que a superfície é rebaixada, o processo reverso de soerguimento não acontece por conta da força gravitacional.

 

Resolução

A questão traz o problema da subsidência do terreno nos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro em Maceió (AL), processo este gerado e ampliado a partir da retirada bruta e direta de sal-gema, rocha sedimentar usada na fabricação de sal. A ampla extração nos arredores de Maceió gerou falhamentos internos no solo e na estrutura sedimentar, que sofreu acomodações gravitacionais rebaixando trechos do terreno e ocasionando a retirada obrigatória da população das áreas afetadas.

A imagem trazida na questão demonstra que o problema tem sido agravado pela excessiva penetração de água a partir das fraturas causadas pelo processo extrativo e esta hiperhidratação leva à ampliação da desagregação dos argilominerais que acabam por ampliar o rebaixamento das áreas atingidas. O conhecimento deste processo nos permite então analisar as proposições:

a) Incorreta. O conhecimento sobre solos e sua estrutura permite contradizer a afirmação de que água se infiltra sem grandes dificuldades em solos muito argilosos uma vez que, por conterem os menores grãos, os solos argilosos são muito compactos e, por isso, tornam-se quase impermeáveis.

 b) Incorreta.  É possível perceber que uma vez ocorrida a subsidência em solos muito argilosos o processo é irreversível, pois, uma vez rebaixado e desestruturado, independentemente das dinâmicas pluviais, o solo e as rochas só tendem ao processo de rebaixamento e só se estabilizam após a correção total do falhamento pela gravidade. No exemplo citado na questão, dos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro em Maceió (AL), a subsidência ocorreu pela ação antrópica, isto é, resulta da exploração de sal-gema pela mineradora Braskem. A subsidência do solo nesse contexto, juntamente com sua irreversibilidade, estão levando a diversos processos de indenização da população local, que teve que abandonar os bairros citados, devido aos riscos de desabamentos.

c) Incorreta. Como já mencionado, no texto introdutório, uma vez rebaixado o terreno, é impossível manter sua ocupação, ficando assim inviável a manutenção de lavouras e construção de edificações.

d) Correta.  De fato, a subsidência em solos muito argilosos é um processo irreversível, pois uma vez que a superfície é rebaixada, não há a possibilidade de que as grandes áreas rebaixadas tenham o processo reverso (soerguimento), pois se tratam de áreas amplas e por conta da força gravitacional não é possível defazer o processo, que prejudica em especial as construções civis, muitas vezes tornando as regiões sob ação da subsidência inabitáveis, como é o caso de parte dos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro em Maceió (AL).