Nos três últimos livros publicados na série “Mutações”, procuramos analisar as principais questões postas pelas grandes transformações por que passa o Ocidente a partir das revoluções tecnocientífica, biotecnológica e da informática. Os três livros foram:
• Mutações — Novas configurações do mundo. Este primeiro livro mostra de que maneira a ciência e a técnica estão produzindo transformações sem precedentes na história, em todas as áreas da atividade humana.
• Mutações — A condição humana. No segundo livro, os ensaios respondem à questão: o que é viver neste novo mundo?
• Mutações — A experiência do pensamento. Este terceiro livro procurou analisar um problema muito específico dessa mutação: posto que ela se origina da revolução tecno-científica e praticamente sem a ação dos pressupostos das ciências humanas, tendemos a dizer que ela é feita no vazio do pensamento. Ou melhor, vivemos uma realidade tão inteiramente nova que nem mesmo os velhos conceitos conseguem explicar o que acontece. Como escreveu, portanto, Montaigne: quando a razão falha, voltemos à experiência. O que há de peculiar na mutação hoje é que ela não recorre às “duas maiores invenções da humanidade, o passado e o futuro”. Tomemos como exemplo outra prodigiosa mutação que foi o Renascimento: ela apontava ao mesmo tempo para o futuro e para o passado, verdadeira paixão pelo novo e paixão pelo antigo. Seus eruditos, escreve o filósofo Alexandre Koyré, “exumaram todos os textos esquecidos em velhas bibliotecas monásticas: leram tudo, estudaram tudo, tudo editaram. Fizeram renascer todas as doutrinas esquecidas dos velhos filósofos da Grécia e do Oriente: Platão, Plotino, o estoicismo, o epicurismo e pitagorismo, o hermetismo e a cabala. Seus sábios tentaram fundar uma nova ciência, uma nova física, uma nova astronomia; ampliação sem precedente da imagem histórica, geográfica, científica do homem e do mundo. Efervescência confusa e fecunda de ideias novas e ideias renovadas. Renascimento de um mundo esquecido e nascimento de um mundo novo. Mas também: crítica, abalo e, enfim, destruição e morte progressiva das antigas crenças, das antigas concepções, das antigas verdades tradicionais, que davam ao homem a certeza do saber e a segurança da ação”. Nada disso vemos hoje na mutação tecnocientífica, a não ser o elogio dos fatos e dos acontecimentos técnicos e, principalmente, o elogio do presente eterno, sem passado nem futuro.
(https://artepensamento.ims.com.br. Adaptado.)
Dos seguintes trechos extraídos do texto, aquele cuja formulação pode ser considerada mais objetiva e impessoal é:
a) |
“Tomemos como exemplo outra prodigiosa mutação que foi o Renascimento: ela apontava ao mesmo tempo para o futuro e para o passado, verdadeira paixão pelo novo e paixão pelo antigo.” (parágrafo). |
b) |
“Nos três últimos livros publicados na série ‘Mutações’, procuramos analisar as principais questões postas pelas grandes transformações por que passa o Ocidente a partir das revoluções tecnocientífica, biotecnológica e da informática.” (parágrafo). |
c) |
“Ou melhor, vivemos uma realidade tão inteiramente nova que nem mesmo os velhos conceitos conseguem explicar o que acontece.” ( parágrafo) |
d) |
“Este terceiro livro procurou analisar um problema muito específico dessa mutação: posto que ela se origina da revolução tecnocientífica e praticamente sem a ação dos pressupostos das ciências humanas, tendemos a dizer que ela é feita no vazio do pensamento.” ( parágrafo). |
e) |
“Este primeiro livro mostra de que maneira a ciência e a técnica estão produzindo transformações sem precedentes na história, em todas as áreas da atividade humana.” ( parágrafo). |
a) Incorreta. A presença da primeira pessoa do plural prejudica a impessoalidade do texto. Além disso, o adjetivo “prodigioso” indica um juízo de valor do autor, que enxerga como positiva a postura dos renascentistas.
b) Incorreta. A presença da primeira pessoa do plural prejudica a impessoalidade do texto.
c) Incorreta. A presença da primeira pessoa do plural prejudica a impessoalidade do texto.
d) Incorreta. A presença da primeira pessoa do plural prejudica a impessoalidade do texto.
e) Correta. No trecho, há a apresentação de informações objetivas sobre o livro (que “mostra de que maneira a ciência e a técnica estão produzindo transformações sem precedentes na história”), sem quaisquer juízos de valor do autor do texto. Além disso, há a presença apenas da 3ª pessoa do discurso.