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Questão 1 Fuvest 2022 - 2ª fase - dia 2

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Questão 1

Degradação e conservação do solo

Em 1975, as encostas de uma escarpa na Etiópia (África) foram severamente degradadas pelo pisoteio do gado. A recuperação dessas encostas degradadas pela erosão do solo pode ocorrer se a atividade humana respeitar os ciclos naturais e a resiliência de um ambiente, como mostram as imagens e o gráfico a seguir.

Slaymaker, O., Spencer, T., Embleton-Hamann, C. Geomorphology and Global Environmental Change. Cambridge University Press, 2011. Adaptado.

Com base no exemplo e em seus conhecimentos, responda:

a) O que é resiliência de um ambiente?
b) Segundo os dados apresentados, o que houve com a erosão do solo e qual foi a prática conservacionista utilizada? Explique o que é erosão do solo e exemplifique uma prática agrícola conservacionista diferente da demonstrada na imagem de 2006.



Resolução

a) Do ponto de vista geográfico e ecológico, resiliência ambiental é um termo associado à capacidade de recuperação de uma condição de equilíbrio em um ecossistema após este ter sofrido alterações que o tenham degradado1. Dessa forma, um ambiente pode sofrer impactos parciais que o modificam, mas ainda possibilitem a ele a absorção das mudanças de modo a tentar recuperar uma condição de funcionamento semelhante à anterior.

b) A partir do gráfico, observa-se que houve redução drástica da degradação da área apresentada no enunciado, com queda em cerca de 70% das taxas de perda do solo. A prática conservacionista demonstrada na imagem refente a 2006 é denominada terraceamento e permitiu a diminuição da degradação pedológica da área em questão com a criação de patamares escalonados ou degraus nas vertentes capazes de reduzir o impacto do escoamento da água sobre a superfície e facilitar sua infiltração, possibilitando condições de uso agrícola.

A erosão do solo consiste no desgaste e transporte de minerais, matéria orgânica e, porventura, partículas rochosas presentes no solo de tal maneira a desestruturá-lo física e quimicamente, gerando, ainda, perda de fertilidade natural e comprometendo o equilíbrio ecológico de uma dada área. Para conservação das características naturais físicas e químicas dos solos, podem ser utilizadas técnicas como:

- consorciação: plantio simultâneo de diferentes culturas em um mesmo terreno de modo a maximizar o uso de recursos, como a água da chuva e nutrientes do solo, gerando um aproveitamento maior por área plantada. Exemplo disso é a consorciação milho+feijão, na qual o feijão é plantado nas linha principais, enquanto o milho nas entrelinhas existentes no terreno;

- rotação de culturas: trata-se da técnica de plantar em duas áreas do terrenos duas culturas distintas, normalmente temporárias, e inverter as áreas de plantio na safra seguinte. Segundo a Embrapa2, "além de proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas, se adotada e conduzida de modo adequado e por um período suficientemente longo, essa prática melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo, auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas, repõe a matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos".

- plantio direto: consiste no plantio de uma nova safra sobre "palhada" ou restos orgânicos da safra colhida anteriormente. Tal técnica permite a reposição de matéria orgânica sobre a superfície do solo, bem como o protege da erosão provocada pelos agentes do intemperismo (água da chuva, ventos e até seres vivos).

 

1 Oliveira, L. N., & Aquino, C. M. S. de. (2020). Definições e aplicações da resiliência na ciência geográfica. Revista Do Departamento De Geografia39, 1-13.

2 Agência Embrapa de Informação Tecnológica: Rotação de Culturas. Disponível em:

https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/milho/arvore/CONT000fy779fnk02wx5ok0pvo4k3s932q7k.html