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Questão 6 Fuvest 2022 - 2ª fase - dia 2

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Questão 6

Conflitos na Ásia e Oceania

O retorno dos Talibãs ao poder no Afeganistão após anos de intervenção estadunidense trouxe à tona discussões geopolíticas sobre as dinâmicas demográficas do país, bem como sobre os interesses de diversos países na região. O mapa a seguir indica características acerca da geografia do Afeganistão.

Sobre esse assunto,

a) cite um país que, assim como os EUA, encontrou dificuldades no processo de invasão do território afegão.
b) indique duas causas para o fracasso da invasão estadunidense no Afeganistão.
c) indique dois países e explique seus respectivos interesses geopolíticos na região.

 



Resolução

a) A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) invadiu o Afeganistão em 1979 com objetivo de anexar o território afegão a fim de ampliar sua influência em direção ao Oriente Médio e garantir o domínio de áreas com potencial de exploração de recursos naturais. Após dez anos de guerra contra nacionalistas e guerrilheiros afegãos (mujahedins), que foram apoiados pelos Estados Unidos, os soviéticos desistiram do conflito.

b) A invasão dos Estados Unidos se deu após os ataques de 11 de setembro de 2001, planejados e executados pelo grupo terrorista Al-Qaeda, na época, aliado do grupo Talibã, que governava o Afeganistão. Nesse contexto, as tropas americanas encontraram dois problemas principais:

- relevo montanhoso e condições climáticas hostis: o país está situado entre a Ásia Central e o Oriente Médio, em uma área com presença marcante de dobramentos modernos que originaram cadeias montanhosas imponentes como os montes Noshaq, Shah Dhar e Kohe Urgunt, localizados na porção centro-leste e que possuem mais de 7 mil metros de altitude. Além disso, o clima na maior parte do país é rigoroso, variando entre regiões de clima frio de montanha - com temperaturas abaixo de zero a maior parte do ano - a regiões semiáridas e desérticas, que dificultam a sobrevivência em áreas mais a oeste. Tal estrutura de relevo e clima impõe desafios à ocupação e dominação de vários lugares, favorecendo grupos guerrilheiros locais acostumados às condições presentes no território afegão;

- resistência da população local: como demonstra o mapa apresentado no enunciado, há grande diversidade étnico-cultural no Afeganistão e os interesses de grupos extremistas dessas variadas etnias divergem dos interesses dos Estados Unidos. Exemplo disso é que, ao longo dos vinte anos de ocupação americana (2001-2021), as tropas estadounidenses tiveram que enfrentar ataques não somente de membros do Talibã, mas também de outros grupos rebeldes vinculados aos tajiques, usbeques, hazaras, entre outros.

c) - China: com a saída das tropas americanas que ocupavam o país, o "dragão asiático" se aproximou do Afeganistão e foi um dos primeiros a reconhecer a legitimidade do novo governo do Talibã, formado a partir da tomada de poder realizada em agosto de 2021. O interesse dos chineses é criar laços políticos do grupo extremista de modo a garantir o combate aos uigures, grupo étnico ligado aos tajiques e turcomenos e localizados a leste, justamente na fronteira entre o território afegão e o chinês.

   - Rússia: o governo russo possui interesse em controlar a emigração existente no Afeganistão, que se intensificou após a retomada de poder por parte do Talibã. Em 2021, declarações oficiais da Rússia sinalizaram preocupação com o fato de que algumas etnias estavam saindo do território afegão e se direcionando para os países da Ásia Central (Tadjiquistão, Cazaquistão, entre outros) área de influência histórica dos russos;

    - Irã: vizinho que possui importante fronteira a oeste do Afeganistão (cerca de mil quilômetros de extensão), o Irã tem interesse no controle da passagem de imigrantes, armas e drogas para seu território, além de aumento da influência geopolítica diante de um contexto instável. É válido ressaltar que há um oposição político-religiosa entre os governos desses países: os Talibãs são fundamentalistas sunitas, enquanto o Irã é governado por uma teocracia xiita, vertentes rivais no contexto da religião islâmica.