Em julho de 2021, a atriz e youtuber Antônia Fontenelle fez um comentário sobre o DJ Ivis, preso por agredir sua ex-mulher, Pamella Holanda. Ao se posicionar contra as agressões, Fontenelle disse:
Criticada por celebridades da Paraíba, como o cantor Chico César e a ex-BBB Juliette, pelo uso da expressão preconceituosa “esses paraíbas”, Fontenelle tentou se explicar, afirmando, em outro tweet, se tratar de uma força de expressão: “Paraíba eu me refiro a quem faz paraibada, pode ser ele sulista, pode ser ele nordestino, pode ser ele o que for”. Em seguida, recebeu novas críticas:
a) Por que a explicação de Fontenelle continuou sendo preconceituosa? Reescreva a primeira frase do primeiro tweet, desfazendo o preconceito enunciado por ela.
b) Explique o jogo de palavras no tweet de Chico César a partir do tweet de Juliette. Em seguida, explique a característica atribuída ao termo “paraíba” pelo artista.
a) O preconceito permanece presente na fala de Fontenelle em função do termo que ela utiliza: paraibada. Tal vocábulo é formado a partir do radical presente no termo Paraíba (nome do estado brasileiro), ao qual se une o sufixo -ada, usado para formar palavras que indicam ação. No contexto que emprega, procurando se explicar, Fontenelle associa a agressão de DJ Ivis, um ato criminoso e negativo, ao estado da Paraíba de forma genérica e, portanto, a todos que de lá são provenientes. Ao tentar explicar-se e dizer que quaisquer pessoas de lugares distintos poderiam cometer a ‘paraibada’, ela mantém a associação de valor pejorativo àquela região do país, explicitando novamente seu preconceito xenofóbico.
Para se desfazer o preconceito presente em seu primeiro tweet, a frase poderia ser reescrita como segue: “Esses agressores/homens/indivíduos etc fazem um pouquinho de sucesso e acham que pode(m) (sic) tudo”
b) Chico César baseia-se no dito “força de expressão”, o qual significa ‘uma maneira de falar que não apresenta o sentido literal de cada uma das palavras’. Nele, ‘de expressão’ é locução adjetiva e subordinada à ‘força’, categorizando-a. César inverte os termos, criando uma locução adjetiva com ‘força’ e subordinando-a à palavra ‘expressão’. Desse modo, faz uso retórico do quiasmo e enfatiza, portanto, o termo ‘paraíba’, origem da discussão com Fontenelle, atribuindo-lhe a ideia de ‘força’ (escrito em maiúsculas), de forma que o termo passa a designar algo de valor, de riqueza, de forte; retirando-lhe, pois, do papel inferiorizado que a atriz lhe atribuíra anteriormente.