O conflito geopolítico entre Ucrânia e Rússia se agravou em 2021. Os combates entre as forças ucranianas e os separatistas pró-russos, respaldados militar e politicamente pelo Kremlin, são os piores em vários meses, numa nova amostra de que as hostilidades, que já completaram sete anos e custaram 14.000 vidas, segundo a ONU, estão longe de ter um fim. Moscou elevou ainda mais a tensão quando mobilizou tropas a uma centena de quilômetros da fronteira com a Ucrânia, que, por sua vez, reforçou suas unidades no leste do país e junto à península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
(Adaptado de María R. Sahuquillo, Nova escalada na guerra do leste da Ucrânia deixa UE e EUA em alerta. El pais, 06/04/2021.)
a) Por que a localização da Crimeia é estratégica para a Rússia? Destaque um fator de ordem econômica, um de ordem política e outro de ordem cultural que impeliram a anexação da Crimeia pelos russos em 2014.
b) Qual o posicionamento da União Europeia e dos EUA em relação ao conflito da Crimeia?
Primeiramente é preciso apontar um erro importante contido na questão: onde está indicado Mar Morto no mapa é na realidade o Mar Negro. Os mapas abaixo localizam esses mares:
Fonte: www.todamateria.com.br . Acesso em 10/01/2022.
Fonte: www.todamateria.com.br . Acesso em 10/01/2022.
O Mar Morto faz fronteira entre Israel, Cisjordânia (território palestino) e Jordânia e não tem relação geográfica com a Península da Crimeia, região abordada no enunciado da questão.
a) A Península da Crimeia possui uma posição geográfica estratégica, pois representa uma saída importante da Rússia para o Mar Negro, um porto de águas quentes fundamental para o país; e ligações importantes através do Estreito de Kerch que liga o Mar Negro ao Mar de Azov e os estreitos de Bósforo e Dardanelos que ligam o Mar Negro ao Mar Mediterrâneo. Como pode-se perceber, a Crimeia tem uma grande importância comercial, geopolítica e militar para a Rússia. A Rússia anexou a Crimeia em 2014 motivada por vários fatores. Economicamente, a motivação se deu devido aos portos na Crimeia serem fundamentais para o escoamento de produções tanto da Ucrânia, por exemplo grãos e vinhos, quanto da Rússia, com a exploração e circulação de gás natural a partir desse corpo hídrico. Politicamente, a anexação representa uma resistência da Rússia à expansão da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o Leste Europeu com o final da Guerra Fria na década de 1990, o que sempre desagradou o governo russo. Culturalmente, a anexação tem a ver com a presença de russos na região, representando cerca de 60% dos habitantes da Crimeia. Ainda do ponto de vista militar, a Rússia, através de um acordo assinado em 2010, instalou uma base militar em Sebastopol, cidade ao sul da Península da Crimeia, fundamental para a marinha russa. A Ucrânia continua no centro da geopolítica, agora no início de 2022, representando uma instabilidade nas relações entre Rússia e EUA e União Europeia.
b) EUA e União Europeia não reconheceram a anexação, inclusive impondo sanções à Rússia. O governo russo também apoia grupos separatistas no leste da Ucrânia, principalmente nas províncias de Lugansk e Donetsk (leste do país), ameaçando inclusive uma invasão militar. A região está no centro da disputa entre as influências de EUA-UE e da Rússia na região. O governo Putin não admite a possibilidade da Ucrânia participar do bloco europeu ou da OTAN e quer manter o país sob sua influência contra a influência americana e europeia na região.