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Questão 5 Unicamp 2022 - 2ª fase - dia 2

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Questão 5

Fotossíntese Fatores que afetam a fotossíntese Transpiração foliar

Como parte do complexo ecossistema terrestre, as espécies vegetais devem responder ao aumento da concentração de dióxido de carbono CO2 atmosférico. Todavia, respostas diferenciais ao aumento da concentração de CO2 são esperadas em função do metabolismo fotossintético. Nas figuras abaixo, as variações relativas da fotossíntese (painel A) e da abertura dos estômatos (painel B) em função do aumento da concentração de CO2 atmosférico (parte por milhão, ppm) são apresentadas para duas espécies. Observe que a fotossíntese máxima da espécie 2 é a metade do valor máximo da espécie 1 e que a abertura estomática máxima é igual nas duas espécies.

a) Considerando que a fotossíntese pode ser expressa como uma reação enzimática de carboxilação, qual espécie possui a enzima fotossintética com maior afinidade pelo substrato CO2? Justifique sua resposta.

b) Qual é a principal função dos estômatos? A eficiência do uso da água pelas plantas – calculada pela relação entre a fotossíntese e a abertura estomática – é um critério para selecionar plantas tolerantes à falta de água. Em uma atmosfera com 800 ppm de CO2, qual espécie teria maior eficiência do uso da água? Justifique sua resposta.



Resolução

a) A fotossíntese é o processo metabólico responsável por converter compostos inorgânicos e de baixa energia (CO2 e H2O) em compostos orgânicos de alta energia (carboidratos), utilizando a luz solar. A fotossíntese é dividida em duas etapas: I- fase clara ou fotoquímica, que acontece nos tilacoides do cloroplasto e que é responsável pela síntese de ATP e NADPH a partir da fotólise da água e da fotofosforilação; e II- fase escura, fase química ou ciclo de Calvin-Benson, que acontece no estroma do cloroplasto e que é responsável pela síntese de gliceraldeído-3-fosfato, ou G3P (monossacarídeo de 3 carbonos), a partir do CO2 do ar e do ATP e do NADPH produzidos durante a fase clara.

Portanto, a fotossíntese pode ser expressa como uma reação enzimática de carboxilação, uma vez que, durante a etapa inicial do ciclo de Calvin, a enzima RuBisCO fixa o CO2 sob a forma de um composto orgânico conhecido como 3-fosfoglicerato (3-PGA). Assim sendo, pela análise do gráfico A, deduz-se que a espécie 1 possui o metabolismo fotossintético com maior afinidade pelo CO2, já que, para uma mesma concentração de gás carbônico, a taxa fotossintética (ou fotossíntese relativa) da espécie 1 é maior do que a taxa fotossintética da espécie 2.

b) Os estômatos são poros especializados presentes nas folhas e, algumas vezes, no caule, das plantas terrestres. A principal função dos estômatos é regular a entrada de CO2 para o interior da folha e a saída de O2 para o ar, bem como a taxa de transpiração das plantas (ou seja, a perda de água sob a forma de vapor). Os estômatos são formados por um par de células, chamadas de células-guarda, e por uma abertura chamada de ostíolo, cujo tamanho é regulado pelo grau de turgescência das células-guarda: quando elas estão túrgidas, o estômato permanece aberto; quando elas estão flácidas, o estômato permanece fechado (Figura 1).

 

Figura 1: Estômatos na superfície foliar e seu papel nas trocas gasosas.

A abertura e o fechamento dos estômatos são regulados por três fatores principais: disponibilidade de água no solo; luz; e concentração de CO2 no interior da folha. Assim, quanto mais água estiver disponível no solo, quanto mais iluminado estiver o ambiente, ou quanto menor for a concentração de gás carbônico no mesófilo foliar, mais abertos estarão os estômatos. Porém, a concentração de CO2 no ar atmosférico pode ser inversamente proporcional à abertura relativa dos estômatos, uma vez que a taxa de difusão do CO2 para o interior da folha aumenta conforme aumenta a saturação de CO2 na atmosfera.

Como a eficiência do uso da água pelas plantas é calculada pela relação entre a fotossíntese relativa e a abertura estomática relativa, pode-se deduzir que, em uma atmosfera com 800 ppm de CO2, a espécie que possuiria a maior eficiência do uso da água é a espécie 2. Assim, temos:

  • Eficiência do uso da água pela espécie 1 = 100% (fotossíntese relativa) / 40% (abertura estomática relativa) = 2
  • Eficiência do uso da água pela espécie 2 = 50% (fotossíntese relativa) / 10% (abertura estomática relativa) = 5

Portanto, a espécie 2 é mais tolerante ao estresse hídrico do que a espécie 1, podendo ocupar regiões mais áridas ou com menor disponibilidade de água no solo.