Para responder às questões de 06 a 08, leia o soneto de Luís de Camões.
Enquanto quis Fortuna que tivesse
Esperança de algum contentamento,
O gosto de um suave pensamento
Me fez que seus efeitos escrevesse.
Porém, temendo Amor que aviso desse
Minha escritura a algum juízo isento ,
Escureceu-me o engenho com tormento,
Para que seus enganos não dissesse.
Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
A diversas vontades, quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,
Verdades puras são, e não defeitos ,
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos.
(Luís de Camões. 20 sonetos, 2018.)
Fortuna: entidade mítica que presidia a sorte dos homens.
suave pensamento: sentimento amoroso.
Amor: entidade mítica que personifica o amor.
juízo isento: os inocentes do amor, aqueles que nunca se apaixonaram.
engenho: talento poético, inspiração.
defeitos: inverdades, fantasia.
No soneto, o eu lírico dirige-se, mediante vocativo,
a) |
àqueles que não entendem seus versos. |
b) |
a Amor. |
c) |
àqueles que nunca se apaixonaram. |
d) |
aos amantes. |
e) |
a Fortuna. |
A alternativa D está correta. Pode-se identificar o vocativo no primeiro verso da terceira estrofe, no qual o poeta estabelece uma interlocução com os leitores, interpelando diretamente aqueles que já se encontram sob o poder do Amor: “Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos/ A diversas vontades”. A condição de “estar sujeito a diversas vontades” caracteriza a condição dos amantes, os quais já não têm mais o domínio de si, pois seus desejos e ações encontram-se sob o poder do deus Amor.
As outras alternativas apresentam figuras e personagens que são mencionados ao longo do texto sem que o poeta os interpele ou estabeleça qualquer tipo de interlocução com eles.