A Ecologia Profunda é um conceito filosófico que considera que todos os elementos vivos da natureza devem ser respeitados, assim como deve ser garantido o equilíbrio da biosfera. O termo surgiu em 1972, com o filósofo e ambientalista norueguês Arne Naess (1912-2009). Ele distinguiu as correntes ambientais entre movimentos rasos e movimentos profundos. Os movimentos rasos limitam-se a tentar minimizar os problemas ambientais e garantir o enriquecimento das sucessivas gerações humanas, enquanto a Ecologia Profunda vai na raiz dos problemas ambientais e defende os direitos de toda a comunidade biótica.
(José E. D. Alves. “Os oito princípios da ecologia profunda”. www.ecodebate.com.br, 05.06.2017. Adaptado.)
A partir do texto, o aspecto filosófico de “Ecologia Profunda” implica uma mudança de conduta, pois requer a
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criação de um novo paradigma na relação entre ser humano e natureza. |
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mobilização social em torno de campanhas por economia verde. |
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revisão da dependência das tecnologias de produção. |
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transformação dos acordos multilaterais entre diferentes nações. |
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manutenção dos impactos da crise ambiental. |
a) Correta. O conceito de ecologia profunda propõe uma alteração no paradigma da relação entre homem e natureza, interpretando-a não a partir da centralidade do ser humano no mundo, num viés antropocêntrico, mas pautado no foco em toda a comunidade biótica, inaugurando uma perspectiva ecocêntrica e biocêntrica. Nesse novo paradigma, o meio natural não seria mais entendido e valorizado por sua instrumentalidade aos seres humanos, pois destacaria a natureza como um valor inerente em si. É a partir desse aspecto que a ecologia profunda contrasta com outros movimentos ambientais considerados rasos ("shallow ecology"), pois, nesses últimos, as preocupações com os problemas ambientais se justificariam pelos impactos, malefícios e efeitos negativos à comunidade humana. O conceito de filosofia profunda foi criada na década de 1970 pelos filósofos e ambientalistas Arne Naess e George Sessions, que fundamentaram sua perspectiva na criação dos oito princípios da ecologia profunda, inspirando movimentos ambientais até os dias atuais.
b) Incorreta. A ecologia profunda não se resume à defesa de ações de economia verde ou sustentável, também defendida pelos movimentos considerados "rasos". Seu fundamento básico é propor uma redefinição filosófica mais ampla, exigindo a superação da ideia de natureza como um instrumento disponível à ação humana.
c) Incorreta. O conceito de ecologia profunda ultrapassa uma mera revisão de aspectos econômicos e produtivos, exigindo um reajuste nos princípios e paradigmas filosóficos sobre a relação entre o ser humano e a natureza.
d) Incorreta. Embora os pensadores vinculados à ecologia profunda também defendam uma rigorosa revisão dos acordos multilaterais e das políticas ambientais dos países, o movimento não se reduz a tal exigência. Inclusive, tal pauta também é defendida pelos movimentos ecológicos considerados "rasos", não caracterizando a "mudança de conduta" solicitada pelo comando do exercício.
e) Incorreta. O conceito não busca uma manutenção dos impactos da crise ambiental, mas sim uma alteração no foco do próprio pensamento ecológico. Em vez de se pautar nos impactos ambientais à humanidade, busca-se uma reflexão ecocêntrica e biocêntrica sobre a relação entre os seres humanos e a natureza.