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Questão 17 Enem 2021 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

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Questão 17

textos jornalísticos

    No ano em que o maior clarinetista que o Brasil conheceu, Abel Ferreira, faria 100 anos, o choro dá mostras de vivacidade. É quase um paradoxo que essa riquíssima manifestação da genuína alma brasileira seja forte o suficiente para driblar a falta de incentivos oficiais, a insensibilidade dos meios de comunicação e a amnésia generalizada. "Ele trazia a alma brasileira derramada em sua sonoridade ímpar. Artur da Távola, seguramente seu maior admirador, foi quem melhor o definiu, 'alma sertaneja, toque mozarteano"'. O acervo do músico, autodidata nascido na mineira Coromandel, autor de 50 músicas, entre as quais Chorando baixinho (1942), que o consagrou, amigo e parceiro de Pixinguinha, com quem gravou Ingênuo (1958), permanece com os herdeiros à espera de compilação adequada. O Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro tem a guarda do sax e do clarinete, doados em 1995.

    Na avaliação de Leonor Bianchi, editora da Revista do Choro, "a música instrumental fica apartada do que é popular porque não vai à sala de concerto. O público em geral tem interesse em samba, pagode e axé". Ela atribui essa situação à falta de conhecimento e à pouca divulgação do gênero nas escolas.

FERRAZ. A. Disponível em www.cartacapital.com.br. Acesso em: 22 abr. 2015 (adaptado).

Considerando-se o contexto, o gênero e o público-alvo, os argumentos trazidos pela autora do texto buscam

 



a)

atribuir o desconhecimento da obra de Abel Ferreira ao ensino de música nas escolas.

b)

reivindicar mais investimentos estatais para a preservação do acervo musical nacional.

c)

destacar a relevância histórica e a riqueza estética do choro no cenário musical brasileiro.

d)

apresentar ao leitor dados biográficos pouco conhecidos sobre a trajetória de Abel Ferreira.

e)

constatar a impopularidade do choro diante da preferência do público por músicas populares.

Resolução

a) Incorreta. Ainda que seja mencionada no texto a pouca divulgação do gênero choro, não é possível afirmar que o desconhecimento da obra de Abel Ferreira seja atribuído à forma como se ensina música nas escolas.

b) Incorreta. O texto aponta para a importância do choro como manifestação artística brasileira e para a forma como ele ainda não é valorizado como deveria. No entanto, não há uma reivindicação clara de investimentos estatais para que essa valorização aconteça.

c) Correta. Os argumentos trazidos pela autora do texto, seja na contextualização inicial, nos dados relacionados à obra de Abel Ferreira, ou na criação de hipóteses a respeito da pouca valorização do choro, evidenciam a riqueza e a importância desse gênero musical, nas palavras da autora, dessa “riquíssima manifestação da genuína alma brasileira”. Nesse sentido, percebe-se que o trabalho de estruturação do texto se volta a destacar a relevância do choro no cenário musical brasileiro.  

d) Incorreta. Ainda que haja a apresentação de dados biográficos do clarinetista Abel Ferreira, esses dados não são construídos como centrais na elaboração da argumentação do texto.

e) Incorreta. Ainda que haja referências à preferência do público por músicas populares em oposição às mais eruditas, não é possível afirmar que o texto tenha sido construído de forma a constatar a impopularidade do choro. Essa visão é reforçada se considerarmos que, logo no início do texto, a autora menciona as “mostras de vivacidade” do choro atualmente, a despeito da aparente falta de valorização do gênero.