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Questão 41 Enem 2021 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

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Questão 41

poesia e música

Se for possível, manda-me dizer: 

– É lua cheia. A casa está vazia – 

Manda-me dizer, e o paraíso

 Há de ficar mais perto, e mais recente 

Me há de parecer teu rosto incerto.

 Manda-me buscar se tens o dia 

Tão longo como a noite. Se é verdade 

Que sem mim só vês monotonia. 

E se te lembras do brilho das marés 

De alguns peixes rosados

 Numas águas

 E dos meus pés molhados, manda-me dizer:

– É lua nova – E revestida de luz te volto a ver. 

HILST, H Júbilo, memória, noviciado da paixão .São Paulo. Cia. das Letras, 2018. 

 

Falando ao outro, o eu lírico revela-se vocalizando um desejo que remete ao



a)

ceticismo quanto à possibilidade do reencontro.

b)

tédio provocado pela distância física do ser amado.

c)

sonho de autorrealização desenhado pela memória.

d)

julgamento implícito das atitudes de quem se afasta.

e)

questionamento sobre o significado do amor ausente.

Resolução

a) Incorreta. O eu lírico não apresenta ceticismo em relação ao encontro, ao contrário disso, consegue visualizar esse momento, ao imaginar a interação com o ser amado.

b) Incorreta. Não é correto classificar como tédio o que o eu lírico demonstra sentir em relação à ausência do ser amado, uma vez que as cenas que imagina revelam a intenção de um reencontro motivada pelas lembranças boas e pela vontade de estar naquelas situações, ou seja, não é o tédio atual que motiva o eu lírico, mas a vontade de retornar a um momento já vivido.  

c) Correta. Ao imaginar as interações que gostaria de ter com o ser amado e associá-las ao reencontro, como indica o verso final do poema (“E revestida de luz te volto a ver”), o eu lírico projeta, a partir das suas memórias, a intenção de atender aos seus anseios. O sonho de autorrealização, então, justifica-se na medida em que o reencontro se apresenta como uma intenção de reviver plenamente os momentos passados e, de certa forma, de expandir as possibilidades de interação com o ser amado. É a memória que conduz essa intenção do eu lírico, pois é na memória que se ancoram as possibilidades por ele vislumbradas. Vale ressaltar ainda que é recorrente, na obra de Hilda Hilst, a temática da autorrealização e do sujeito como ser potente e central das suas ações e aspirações.

d) Incorreta. Não há, ao longo do poema, nenhum trecho que indique julgamento do eu lírico em relação ao outro, justamente porque as suas intenções são centradas em si mesmo, e não voltadas às atitudes alheias.

e) Incorreta. Embora o tema do amor ausente possa ser facilmente reconhecido no poema, esse amor não aparece sendo questionado, mas exaltado e motivador das intenções do eu lírico.