Falso moralista
Você condena o que a moçada anda fazendo
e não aceita o teatro de revista
arte modema pra você não vale nada
e até vedete você diz não ser artista
Você se julga um tanto bom e até perfeito
Por qualquer coisa deita logo falação
Mas eu conheço bem o seu defeito
e não vou fazer segredo não
Você é visto toda sexta no Joá
e não é só no Carnaval que vai pras bailes se acabar
Fim de semana você deixa a companheira
e no bar com os amigos bebe bem a noite inteira
Segunda-feira chega na repartição
pede dispensa para ir ao oculista
e vai curar sua ressaca simplesmente
Você não passa de um falso moralista
NELSON SARGENTO. Sonho de um sambista. São Paulo: Eldorado, 1979.
As letras de samba normalmente se caracterizam por apresentarem marcas informais do uso da língua. Nessa letra de Nelson Sargento, são exemplos dessas marcas
a) |
"falação" e "pras bailes". |
b) |
"você" e "teatro de revista". |
c) |
"perfeito" e "Carnaval". |
d) |
"bebe bem" e "oculista". |
e) |
"curar" e "falso moralista". |
a) Correta. “Falação” faz menção ao ruído produzido por muitas vozes, termo comumente utilizado na coloquialidade. Em “pros bailes” ocorre a contração de “para o”, uso corriqueiro na linguagem informal e oralidade.
b) Incorreta. O pronome de tratamento "você" é usado em tratamentos informais, íntimos e familiares. No entanto, não há marcas de informalidade em “teatro de revista”, o que invalida a alternativa.
c) Incorreta. Não há marcas de informalidade em “perfeito” e “Carnaval”.
d) Incorreta. Não há marcas de informalidade em “bebe bem” e “oculista”.
e) Incorreta. Não há marcas de informalidade em “curar” e “falso moralista”.