TEXTO I
Portadoras de mensagem espiritual do passado, as obras monumentais de cada povo perduram no presente como o testemunho vivo de suas tradições seculares. A humanidade, cada vez mais consciente da unidade dos valores humanos, as considera um bem comum e, perante as gerações futuras, se reconhece solidariamente responsável por preservá-las, impondo a si mesma o dever de transmiti-las na plenitude de sua autenticidade.
Carta de Veneza. 31 de maio de 1964. Disponlvel em: www.iphan.gov.br. Acesso em: 7 out. 2019.
TEXTO II
Os sistemas tradicionais de proteção se mostram cada vez menos eficientes diante do processo acelerado de urbanização e transformação de nossa sociedade. A legislação de proteção peca por considerar o monumento, até certo ponto, desvinculado da realidade socioeconômica. O tombamento, ao decretar a imutabilidade do monumento, provoca a redução de seu valor venal e o abandono, o que é uma causa, ainda que lenta, de destruição inevitável.
TELLES, L. S. Manual do patrlmônlo histórico. Porto Alegre; Caxias do Sul: Escola Supertor de Teologia São Lourenço de Brindes. 1977 (adaptado).
Escritos em temporalidade histórica aproximada, os textos se distanciam ao apresentarem pontos de vista diferentes sobre a(s):
a) |
ampliação do comércio de imagens sacras. |
b) |
substituição de materiais de valor artístico. |
c) |
políticas de conservação de bens culturais. |
d) |
defesa da privatização de sítios arqueológicos. |
e) |
medidas de salvaguarda de peças museológicas. |
a) Incorreta. Os textos não tratam do comércio de imagens sacras.
b) Incorreta. Os textos tratam da conservação de patrimônios, não da substituição de materiais de valor artístico.
c) Correta. O texto I é um trecho da Carta de Veneza, também conhecida como Carta Internacional para a Conservação e Restauro de Monumentos, um dos documentos fundamentais e básicos da conservação patrimonial. Tal documento foi resultado de diversos anos de debates entre agentes de conservação de vários países e estabeleceu as diretrizes para a conservação e restauro de patrimônios diversos. No trecho selecionado, enfatiza-se a responsabilidade da humanidade na preservação das obras monumentais de cada povo, uma linha bastante geral de ação (esse documento foi complementado por outras diversas cartas e convenções). O texto II, Manual do patrimônio histórico de autoria de Leandro Silva Telles, por sua vez, apresenta uma visão bastante crítica aos tradicionais sistemas de proteção do patrimônio. Segundo Telles, a política de tombamento - instrumento de reconhecimento e proteção do patrimônio feito pela administração pública - acaba por desvalorizar o valor venal do patrimônio que pretende preservar. Assim, o autor aponta a contradição desse processo e da legislação vigente, que visando à proteção do patrimônio, pois desloca-o da realidade socioeconômica e contribui para a sua destruição. Portanto, ambos os documentos apresentam pontos de vista que tratam das políticas de conservação de bens culturais.
d) Incorreta. Não há menção à venda de sítios arqueológicos para empresas privadas em nenhum dos dois textos.
e) Incorreta. Os textos não tratam especificamente de peças museológicas, mas sim do patrimônio histórico e cultural como um todo.