Ao cunhar a frase “natureza atormentada,” no início do século XVII, numa referência ao objeto do conhecimento científico, Francis Bacon não imaginou que esse ideal iria, no século XXI, atormentar filósofos e cientistas. O “tormento” do mundo natural, para ele, significava conhecê-lo, não pelo saber desinteressado, mas para dominar, transformar e, então, utilizar esse universo da maneira mais eficiente. O berço da ciência moderna trazia a estrutura para que o ideal de controle da natureza pudesse ser realizado. A partir de então, essa relação entre ciência e técnica foi naturalmente se estreitando.
(Carlos Haag. “Natureza atormentada”. https://revistapesquisa.fapesp.br, agosto de 2005. Adaptado.)
De acordo com o tema abordado pelo excerto, o “tormento” gerado em filósofos e cientistas contemporâneos se dá devido à problematização da
a) |
eficácia de teorias. |
b) |
natureza do conhecimento. |
c) |
noção de progresso. |
d) |
confiança nos resultados. |
e) |
verificação dos experimentos. |
a) Incorreta. A problematização aqui colocada não se dá por uma eventual ineficácia de uma teoria, mas justamente os efeitos de sua eficácia, pois embora possam representar ganhos científicos, tecnológicos ou produtivos, podem estar ligados a guerras e destruições, principalmente do meio ambiente.
b) Incorreta. A questão não está ligada a natureza do conhecimento, mas aos efeitos nocivos que seu uso indiscriminado pode proporcionar.
c) Correta. A discussão iniciada por Francis Bacon (1561-1626) coloca em xeque a ideia de progresso elaborada pelos cientistas contemporâneos, uma vez que a suposta dominação da natureza e as técnicas utilitaristas empregadas para esse fim acabaram levando a guerras e à destruição do meio ambiente.
d) Incorreta. Na verdade, o conceito de “natureza atormentada” nos leva a uma desconfiança dos resultados, uma vez que nossos conhecimentos podem levar a diversos males e até à destruição da própria humanidade.
e) Incorreta. O conceito de “natureza atormentada” está ligado aos efeitos do uso indiscriminado de nossos conhecimentos científicos, não da verificação dos experimentos.