Em um filme de ficção científica, um cientista resolveu criar animais que fossem metade “espécie A” e metade “espécie B”. Por exemplo, um “crocopato”, metade crocodilo e metade pato, ou um “chimpanfante”, metade chimpanzé e metade elefante. Cada um desses animais criados em laboratório seria uma quimera, um híbrido, um animal resultante da fusão de duas espécies diferentes. Nesse filme, o cientista tinha 20 espécies com as quais trabalhar, e seu objetivo era criar todas as quimeras possíveis a partir da combinação de duas espécies diferentes, ao ritmo de uma nova quimera por dia em todos os dias da semana.
A figura ilustra uma das combinações que o cientista desejava obter: um “tubavalo”, metade tubarão e metade cavalo.
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Na vida real, ainda que com grandes limitações, os cientistas já são capazes de criar organismos que expressam características fenotípicas de interesse incorporadas de uma outra espécie, como bactérias que sintetizam a insulina humana.
O tempo necessário que o cientista do filme levaria para produzir todas as suas combinações quiméricas e o nome da técnica que os cientistas da vida real utilizam para obter organismos com características genéticas de outras espécies são, respectivamente,
a) |
400 dias e terapia gênica. |
b) |
190 dias e transgenia. |
c) |
380 dias e clonagem. |
d) |
190 dias e terapia gênica. |
e) |
400 dias e transgenia. |
A biotecnologia atual permite, dentre outras possibilidades, a inserção de material genético de um organismo em outro, a fim de que sejam expressas neste segundo organismo as proteínas do primeiro. É este tipo de tecnologia que nos permite a produção em larga escala de insulina humana, e também vegetais com vitaminas que normalmente não ocorrem na espécie, ou leite bovino enriquecido com determinados componentes não encontrados normalmente no leite, ou ao menos, na quantidade que desejamos.
Para esta explicação, utilizaremos o caso da produção de insulina pela técnica apresentada. Para isso, utilizamos enzimas de restrição que são capazes de cortar o DNA em locais conhecidos, a fim de isolar o gene de interesse (neste caso, o gene da insulina). Posteriormente, utilizamos as mesmas enzimas para cortar a sequência de DNA dos plasmídeos bacterianos, de forma que o gene da insulina possa ser inserido no plasmídeo.
Os plasmídeos já processados são inseridos nas bactérias, que passam a expressar a proteína de interesse, que depois é isolada e comercializada.
No caso de animais transgênicos, a técnica seria semelhante, com o animal expressando uma ou mais proteínas que não são originalmente encontradas no seu patrimônio genético, o que pode ser de interesse humano.
Ou seja, a técnica utilizada foi a transgenia, que permite a inserção de material genético de uma espécie em outra, a qual passa a expressar as proteínas em questão.
A terapia gênica, por sua vez, é uma técnica que permite a inserção de genes em células de indivíduos doentes, de forma que estes genes possam induzir a produção das proteínas faltantes e assim melhorar a condição destes pacientes.
Já a técnica de clonagem pode ser usada para fins reprodutivos ou terapêuticos. A clonagem reprodutiva, muito usada na agricultura, permite produzir indivíduos que são cópias de outros existentes. É uma técnica útil para preservar totalmente a constituição genética de interesse, sem possibilidade de recombinações. A clonagem terapêutica consiste em utilizar células em estado embrionário para produzir em laboratório tecidos ou órgãos que possam melhorar a condição de um paciente. Estas células ou seus produtos, uma vez inseridos no corpo do doente, podem fazer grande diferença na sua qualidade de vida.
Por fim, como o cientista possuía 20 espécies e desejava criar todas as quimeras possíveis, a partir da combinação das 20 espécies duas a duas, o número máximo de espécies possíveis, , é:
Além disso, considerando que o cientista criava uma nova quimera por dia, o tempo necessário para criar todas as quimeras é 190 dias.
Desse modo, a alternativa que expressa a técnica correta (transgenia) e a quantidade correta de dias (190) é a b.