Após a transformação do meristema vegetativo em meristema floral, há o surgimento da flor. De forma genérica, uma flor é constituída por verticilos florais, que são: o cálice (constituído pelas sépalas), a corola (constituída pelas pétalas), o androceu e o gineceu. Segundo o modelo de determinação genética ABC, a identidade dos verticilos é definida pela interação de pelo menos três genes. A atividade do gene A é necessária para a formação do perianto (verticilos não reprodutivos). A atividade do gene C é necessária para a formação dos verticilos reprodutivos. A atividade do gene B está envolvida na diferenciação entre pétalas (onde o gene B está ativo) e sépalas (onde o gene B está inativo), assim como na diferenciação entre estames (onde o gene B está ativo) e carpelos (onde o gene B está inativo). Uma flor completa de angiosperma e duas flores hipotéticas (Flor I e Flor II) são apresentadas a seguir.
Assinale a alternativa que apresenta os genes ativos nas flores I e II.
a) |
flor I: A e B; flor II: B e C. |
b) |
flor I: B e C; flor II: A e B. |
c) |
flor I: A e B; flor II: A e C. |
d) |
flor I: A e C; flor II: B e C. |
A questão faz referência à conversão de tecido meristemático vegetativo em flor, órgão reprodutivo de angiospermas. Apesar de ser o órgão reprodutivo, apresenta envoltórios estéreis, como o cálice (sépalas) e a corola (pétalas), que em conjunto formam o perianto. A parte fértil pode se apresentar com estruturas dos dois sexos (flor monóclina, que apresenta androceu e gineceu), ou com apenas um dos sexos (flores díclinas, que podem ser apenas masculinas ou apenas femininas).
A dinâmica genética do desenvolvimento da identidade floral com três genes já foi explorada anteriormente no vestibular da Unicamp, sendo que na ocasião foi apresentada a ilustração abaixo, que auxilia muito na resolução da questão:
Fonte: Questão 15 das provas Q e Z do vestibular Unicamp 2016, disponível em https://www.comvest.unicamp.br/wp-content/uploads/2017/02/f12016QZ.pdf
Esta ilustração apresenta a mesma situação na ilustração I, e um exemplo de determinação de identidade floral, em que a região de atividade B está inativa, na ilustração II.
A flor completa (monóclina) apresenta quatro verticilos florais, como mostrado a seguir:
Fonte: Campbell. Biologia, 10ª edição. Editora Artmed
A seguir, esquemas de flores díclinas:
Fonte: https://www.todamateria.com.br/tipos-de-flores-e-suas-funcoes/
Analisando as ilustrações apresentadas na presente questão, a flor I tem apenas cálice e corola, ou seja, sépalas e pétalas, sendo, portanto uma flor estéril. Esta flor apresenta as regiões de atividade A e B, pois a região A determina a formação do perianto (cálice e corola), e a região B determina a formação de pétalas, e na sua ausência a flor teria apenas sépalas.
Já a flor II apresenta as regiões ativas A e C, pois a região A determina a formação de perianto, mas sem o gene B forma-se apenas o cálice, e a região C determina a formação da parte fértil, mas quando não acompanhada do gene B, forma-se apenas o gineceu, como ilustrado na imagem.