Questão 1 Fuvest 2021 - 2ª fase - dia 2

a) A Rota da Seda consistiu no conjunto de rotas comerciais que conectavam o mundo Oriental ao Ocidental e foram sistematicamente utilizadas a partir do século 3 a.C por iniciativa de Gaozu de Han, líder de uma das maiores dinastias chinesas que já existiu. O comércio intenso de seda, produto feito na época notadamente pelos chineses, conferiu não somente nome aos trajetos utilizados para tais deslocamentos, mas também marcou relações de compra e venda de tecidos (mercadoria altamente valorizada na antiguidade) e outras mercadorias entre povos de diferentes etnias da China (dinastias Han, Wei e Jin), Ásia Central (povos nômades), Oriente Médio (Império Persa) e áreas da Europa (Império Romano). O mapa abaixo apresenta o principal vetor dos trajetos comerciais de tecidos e seda utilizados naquele período:

Antiga Rota da Seda. Disponível em: https://www.coladaweb.com/historia/china-antiga

b) A Nova Rota da Seda ou Iniciativa Cinturão e Rota, conhecida em inglês como One Belt One Road ou Belt and Road Initiative, consiste em um megaprojeto de logística e infraestrutura continental e marítima abrangente a partir do qual o governo chinês deseja ampliar seu alcance comercial e estabelecer áreas de forte influência econômica em cerca de 130 países. Para tanto, a China tem investido aproximadamente 1 trilhão de dólares na construção e modernização de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, gasodutos e oleodutos que conferem ainda mais domínio territorial e alcance geopolítico e econômico à potência emergente da Ásia. Dessa forma, os principais objetivos do 'Dragão Asiático' são: garantir fornecimento de matérias-primas como minérios para sua gigantesca indústria; dominar mercados consumidores em ascensão em países emergentes e consolidar novas parcerias comerciais aumentando sua competitividade internacional. A seguir, um mapa que demonstra tal iniciativa:

c) O candidato deveria escolher somente um entre os 3 projetos destacados abaixo.

2 - Ferrovia Laos: um impacto econômico negativo de tal projeto, que conecta a capital de Laos (Vienciana ou Vientiane) à cidade de Kunming no sul da China ao longo de 415km, é o seu custo ao governo local, estimado em 6 bilhões de dólares, o que representa 40% do PIB do país, que é bastante pobre, localizado no Sudeste Asiático. Um impacto social positivo é que tal projeto tende a melhorar o transporte público de passageiros em Laos trazendo benefícios no médio/longo prazo.

Ferrovia China-Laos. Disponível em: https://www.travelchinaguide.com/china-trains/laos/

7 - Corredor de Infraestrutura Paquistão: o impacto negativo do projeto conhecido como Corredor Econômico China-Paquistão (CECP) é o endividamento do país que, segundo dados dos próprios governos, terá que arcar com cerca de 62 bilhões de dólares em financiamentos obtidos junto à própria China. Um impacto positivo é a geração de empregos e desenvolvimento de cidades outrora pouco atrativas devido à ausência de infraestruturas em áreas do interior paquistanês.

Corredor Econômico China-Paquistão (CECP). Disponível em: https://www.chinalinktrading.com/blog/corredor-economico-china-paquistao/

8 - Ferrovia Etiópia-Djibuti: impacto econômico negativo é o endividamento elevadíssimo dos países envolvidos e a dificuldade em honrar pagamentos de juros das dívidas associadas à construção das infraestruturas. Os impactos positivos são a geração temporária de empregos, melhor transporte de passageiros e possibilidade de reverter parte dos investimentos em melhorias das condições de vida da população desses dois países africanos.

Ferrovia Etiópia-Djibuti. Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2019/01/30/crescimento-demoeconomico-da-etiopia-a-china-da-africa-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/