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Questão 5 Fuvest 2021 - 2ª fase - dia 2

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Questão 5

Domínios Morfoclimáticos Biomas Brasileiros

Leia o texto e observe o mapa.

Nos estados de Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Pará e Maranhão, algumas áreas classificadas como Cerrado são, na verdade, partes da Floresta Amazônica. Em outras, ocorre o inverso. Há, ainda, blocos de mata que são uma combinação dos dois tipos de vegetação. Utilizando imagens de satélite atuais, pesquisadores examinaram uma área de 613 mil km2 e reconheceram que a diversidade de formas de vegetação na região dificulta diferenciar Amazônia de Cerrado. Mostraram também que o limite é mais sinuoso e complexo do que os definidos anteriormente entre 1970 e 1985. Como resultado, identificaram-se 151 áreas de Cerrado em áreas anteriormente classificadas como Amazônia e 152.182 km2 de áreas de transição, principalmente no Cerrado. Essas áreas de transição, com os dois tipos de vegetação, podem se estender por até 250 quilômetros de um lado ou de outro da linha atual.

Disponível em https://revistapesquisa.fapesp.br/. Adaptado.

Acerca do texto e do mapa, responda:

a) Qual o conceito biogeográfico que caracteriza as áreas de transição entre dois biomas?

b) Explique como essa transição complexa pode ter impactado as áreas a serem preservadas na floresta Amazônica. Dê um exmplo.

c) Os limites entre os biomas brasileiros, vistos a partir dos mapas produzidos entre 1970 e 1985, apresentam diferenças quando comparados com a cartografia dos limites atuais. Descreva a tecnologia utilizada em cada um dos momentos para a produção cartográfica.



Resolução

a) O conceito a que se refere as áreas de transição é ecótono, ideia bastante difundida a partir dos estudos do geógrafo Aziz Nacib Ab'Saber que consolidou a teoria dos domínios morfoclimáticos brasileiros, grandes conjuntos paisagísticos que expressam características naturais no território. Segundo ele, um ecótono expressa a complexidade da paisagem e das interações ecossistêmicas de diferentes domínios morfoclimáticos, sendo área de grande importância ecológica para reprodução de espécies da fauna e da flora.

b) Essa transição complexa, faixa vegetacional que abrange formações tanto de floresta amazônica quanto de cerrado, dificulta a aplicação da lei no que diz respeito à delimitação de áreas de preservação de vegetação natural. Segundo a Lei de Proteção de Vegetação de Mata Nativa (Lei 12.651/2012), em áreas da Amazônia devem ser preservadas 80% da mata nativa, mesmo daquelas que estejam em terrenos privados; já no cerrado, o montante que deve ser preservado é de 35% e no caso de vegetação de campos (presente em algumas áreas de cerrado) é de apenas 20%. Dessa forma, as faixas de transição complexa representam um problema, pois o avanço de atividades agropecuárias e mineradoras nessas áreas pode causar maior degradação da paisagem e afetar todo o ecótono, incluindo áreas de floresta amazônica.

c) Entre 1970 e 1985, as principais técnicas utilizadas para produção de mapas eram a aerofotogrametria (imagens aéreas capturadas por câmeras fotográficas acopladas a aviões tripulados), radares (que permitia captação de espectros minerais emitidos a partir das estruturas rochosas e dos solos) e observações de campo com uso de bússolas. Atualmente, tecnologias como GPS, sensoriamento remoto (uso de imagens de satélite), monitoramento aéreo por meio de drones e cartografia computacional permitem a criação de mapas mais precisos e com maior detalhamento dos aspectos a serem retratados.