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Questão 5 Fuvest 2021 - 2ª fase - dia 2

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Questão 5

Sistema Imunológico Doenças (Vírus)

Analise a resposta imunológica à infecção do organismo pelo coronavírus do tipo SARS-CoV-2, associado à COVID-19, a variação na quantidade de vírus no organismo, os sintomas (quando presentes) e as possibilidades de diagnóstico da infecção por dois métodos (X e Y) ao longo de 20 dias após a infecção.

Abbas, et al. Imunologia Celular e Molecular, 2011, e J. Bras. Patol. Med. Lab., https://doi.org/10.5935/1676-2444.20200049. Adaptados.

a) Cite uma função da febre nos primeiros 5 dias da infecção por SARS-CoV-2.

b) Dos métodos citados, identifique e justifique aquele mais indicado para o diagnóstico da infecção por SARS-CoV-2 pela presença de anticorpos. Segundo o gráfico apresentado, em qual dia após a infecção o diagnóstico será mais preciso utilizando este método?

c) A resposta imunológica à infecção por SARS-CoV-2 pode causar inflamação pulmonar. Isso resulta em acúmulo de líquido nos pulmões, o que prejudica a troca gasosa, diminuindo a saturação de oxigênio no sangue. Como o acúmulo de líquidos nos pulmões interfere na troca gasosa? O que acontece com o pH do sangue quando ocorre diminuição da saturação de oxigênio?



Resolução

a) A febre é um mecanismo fisiológico criado pelo nosso próprio corpo e visa aumentar a eficiência da resposta imunológica desencadeada em processos infecciosos.  O aumento da temperatura, seja localizado em uma região específica ou sistêmico, permite maior atividade de determinadas células de defesa, os neutrófilos e macrófagos. Os neutrófilos são células predominantemente sanguíneas, mas podem migrar para regiões teciduais e se juntar aos macrófagos, grandes células teciduais. Juntos, eles realizam a resposta imunológica inespecífica, que tem como principal ação a fagocitose dos agentes infecciosos. A migração anteriormente mencionada é conhecida como diapedese e é facilitada em temperaturas um pouco mais elevadas. Portanto, a febre é um estado corporal que pode ser importante aliado no combate aos organismos invasores causadores de doenças.

b) O método mais indicado para o diagnóstico da infecção por SARS-CoV-2 pela presença de anticorpos é o X. Embora a resposta imunológica mediada pelas células fagocitárias seja imediata, muitas vezes é insuficiente para combater o organismo invasor. Nesse caso entra em ação a resposta imunológica específica, que envolve a produção de anticorpos por parte de outros tipos de leucócitos, os linfócitos B. Diferente da primeira resposta, a resposta específica não é imediata e pode levar dias para surtir seus efeitos, fato ilustrado no exercício, que mostra que a produção de anticorpos pode levar de 7 a 20 dias após o contato com o vírus SARS-CoV-2. Assim sendo, a pertinência do método X (método sorológico), que consiste na detecção de anticorpos presentes no plasma sanguíneo do paciente, só ocorre após transcorridos vários dias após o contato com o vírus e a eficiência desse método aumenta na medida em que a quantidade de anticorpos no plasma também aumenta. De acordo com o gráfico a eficácia e a precisão do diagnóstico por esse método chegam ao máximo em torno do 20º dia. O método Y, método do PCR, não consiste na identificação dos anticorpos, mas na detecção do RNA viral, já presente desde o início da infecção, no interior do capsídeo do vírus SARS-CoV-2.

c) A troca gasosa, ou hematose, ocorre na extensa área dos alvéolos pulmonares, um tecido formado por uma única camada de células epiteliais pavimentosas, recobertas por uma camada fina de líquido que mantém o epitélio úmido. Essa película de água contém substâncias surfactantes, responsáveis por reduzir a tensão superficial da água e facilitar a passagem do oxigênio em direção aos capilares, pequenos e delgados vasos que passam pelos alvéolos. Em situações normais o ar chega até os alvéolos e o oxigênio se difunde em direção ao sangue a uma curta distância e sem dificuldades. A acúmulo de líquido provocado pela infecção dificulta as trocas gasosas por reduzir a concentração das substâncias surfactantes e também por reduzir a área disponível para trocas gasosas. Além disso, o acúmulo de líquido aumenta a distância entre os capilares sanguíneos e a superfície do líquido, tornando o processo lento e ineficiente. A redução da saturação de oxigênio provoca diminuição da afinidade da hemoglobina pelo O2, em função do fenômeno da cooperatividade positiva, e dificulta o transporte do O2para os tecidos. A redução da saturação de O2 da região vem acompanhada pelo aumento da concentração do gás carbônico, o qual se combina com a água e forma ácido carbônico, reação catalisada pela da anidrase carbônica. A ionização do ácido carbônico libera H+ e provoca redução do pH na região dos capilares pulmonares, reduzindo ainda mais a afinidade da hemoglobina pelo O2 e agravando a redução da captação do oxigênio.