Leia os textos para responder à questão.
Texto 1
Postagem de Instagram, conta do
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
Texto 2
Uma dentre as várias equações que fundam o Brasil enquanto país é: governar é produzir incêndios. Marcado por uma ideia de modernidade impulsionada pela crença de que modernizar é tomar posse de um terreno baldio, amorfo, pretensamente sem culturas autóctones ditas desenvolvidas, a fim de torná-lo "produtivo", o Brasil foi criado por incêndios. Diante das queimadas que agora retornam, devemos nos lembrar que a destruição pelo fogo é nossa maior herança colonial.
V. Safatle, "Governar é produzir incêndios". Adaptado.
a) Reescreva o fragmento "pretensamente sem culturas autóctones ditas desenvolvidas", substituindo as palavras sublinhadas por outras de sentido equivalente.
b) Explique por que tanto o enunciado "É fogo!", no texto 1, quanto "governar é produzir incêndios", no texto 2, apresentam mais de um sentido no contexto em que foram empregados.
a) “Pretensamente” é definido como aquilo que se desenvolve por pretensão, por suposição. Logo, é possível substituir o advérbio por “supostamente”. “Ditas”, no contexto utilizado, é análogo a “consideradas”. Logo, uma reescrita possível é: “Supostamente sem culturas autóctones consideradas desenvolvidas”.
b) A expressão “É fogo!” pode ser analisada em seu sentido denotativo e conotativo. O primeiro caso remete à prática das queimadas, atitude comum aos brasileiros, como exposto pelo texto que compõe a questão. No segundo caso, “É fogo!” remete a uma expressão popular, comumente usada para caracterizar algo difícil; complicado.
A expressão “governar é produzir incêndios” também pode ser analisada de forma denotativa e conotativa. No primeiro caso, a produção de incêndios caracteriza uma forma de administração estatal. De acordo com o texto apresentado, as queimadas remetem a uma “ideia de modernidade impulsionada pela crença de que modernizar é tomar posse de um terreno baldio, amorfo, pretensamente sem culturas autóctones ditas desenvolvidas, a fim de torná-lo 'produtivo'". Por conta disso, segundo o autor, “o Brasil foi criado por incêndios”. Em relação ao sentido figurado, a expressão sugere que a postura governamental frente a questões é “produzir incêndios”, construção popularmente usada para se referir a situações que, em vez de solucionadas, são mais inflamadas. Trata-se do oposto de “apagar incêndios”, ou seja, quando, frente a um acontecimento crítico, rápidas ações são tomadas de modo a sanar o problema.