Algumas amebas podem causar doenças ao ser humano. A Entamoeba histolytica geralmente convive bem com nossa espécie, não causando disfunções orgânicas, mas, em determinadas condições, ela se torna patogênica e causa a amebíase, que pode provocar diarreia, anemia e até a morte.
(www.invivo.fiocruz.br. Adaptado.)
a) Caso a ameba Entamoeba histolytica fosse inserida em um recipiente com água marinha, ela não sobreviveria. Por que isso ocorre?
b) Cite a fase do ciclo de vida da Entamoeba histolytica na qual ocorre o contágio do ser humano. Explique por que pessoas com quadros mais graves de amebíase podem desenvolver anemia.
a) A ameba da espécie Entamoeba histolytica é um protozoário anaeróbico e parasita do grupo Rhizopoda, ou Sarcodina, segundo a classificação tradicional baseada na forma de locomoção. Os protozoários desse grupo são organismos que se locomovem e incorporam alimentos por meio de pseudópodes. A E. histolytica é uma espécie de ameba encontrada no intestino grosso de seres humanos e de outros primatas, nos quais pode causar uma doença conhecida como amebíase ou desinteria amebiana.
O ambiente onde as amebas vivem é o intestino grosso humano, local onde existe uma solução isotônica em relação ao citoplasma da E. histolytica, ou seja, uma solução que contém uma concentração de solutos semelhante àquela encontrada na célula do protozoário. Em uma solução isotônica, as taxas de entrada e saída de água da célula são equivalentes, de modo que não há ganho líquido nem perda líquida de água em relação ao meio extracelular.
Porém, se as amebas fossem colocadas em uma solução constituída por água marinha, que apresenta uma alta concentração de solutos (1.000 mOsm/L), ou seja, é hipertônica em relação às células desse parasita humano, elas perderiam água por osmose. Em uma solução hipertônica, a taxa de saída de água da célula é maior do que a taxa de entrada de água na célula, de modo que há perda líquida de água para o meio extracelular. Devido à perda excessiva de água para o meio, a velocidade das reações químicas irá diminuir drasticamente, os processos metabólicos vitais das amebas serão comprometidos e os protozoários serão levados à morte.
b) O contágio dos seres humanos pelas amebas da espécie E. histolytica ocorre quando há ingestão dos cistos das amebas presentes na água e nos alimentos contaminados com fezes de uma pessoa infectada. Portanto, o contágio dos seres humanos ocorre na fase de cisto do ciclo de vida das amebas (Figura 1).
Figura 1: ciclo de vida da E. histolytica. Fonte: Amabis, José Mariano. Fundamentos da Biologia moderna. 5. ed. São Paulo: Moderna: 2018.
Quando os cistos chegam ao intestino delgado, eles se rompem e liberam a forma infectante do protozoário, conhecida como trofozoíto. Os trofozoítos migram para o intestino grosso, onde se multiplicam por fissão binária e podem invadir a mucosa intestinal. As amebas secretam proteinases, lipases e outras substâncias, moléculas capazes de destruir o tecido do hospedeiro, levando as células da mucosa intestinal à morte por contato, além de poderem realizar a fagocitose de eritrócitos. A presença das amebas nos tecidos da mucosa intestinal atraem leucócitos para o local de infeção, os quais também podem ser lisados pelas amebas, o que leva à liberação de enzimas digestivas sobre as células saudáveis, causando ainda mais destruição aos tecidos.
Devido aos extensos danos causados pelas ambeas à parede do intestino grosso, nos quadros mais graves da doença, um dos sintomas resultantes é a desinteria mucosanguinolenta. Assim, a perda excessiva de sangue por meio das fezes pode causar anemia, doença caracterizada por uma baixa quantidade de hemácias circulantes, o que leva a pessoa a apresentar falta de ar, cansaço, palidez, tontura e taquicardia.