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Questão 4 Unicamp 2021 - 2ª fase - dia 2

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Questão 4

Brasil República

Entre os anos de 1930 e 1960, a prática social do baile se impôs como um dos entretenimentos mais cultuados pelos paulistanos, juntamente com o cinema. No momento em que São Paulo assume as feições de uma grande metrópole, os bailes passaram a demarcar o calendário das festas na cidade: aniversário dos clubes, coroamento de concursos de miss, bailes de debutantes, réveillon, etc. Quanto ao ritmo, a presença marcante do jazz se fazia notar nesse clima de alvorecer do cosmopolitismo paulista. Ao ser conquistada pela moda da dança, São Paulo foi engolfada por uma onda que se acentuou no pós-guerra nas grandes cidades dos Estados Unidos e da Europa.

(Adaptado de Francisco Rocha, “Na trilha das grandes orquestras. O ABC da cidade moderna. Aviões, Baile e Cinema”, em José Geraldo Vince de Moraes e Elias Thomé Saliba (orgs.), História e Música no Brasil. São Paulo: Alameda, 2010, p. 382-383.)

A partir do enunciado e de seus conhecimentos responda às questões abaixo.

a) Explique as funções dos bailes, entre os anos de 1930 e 1960, na formação de um ideário de São Paulo como uma cidade cosmopolita.

b) Caracterize o mundo do trabalho nas cidades brasileiras no contexto do pós-guerra.



Resolução

a) Conforme o texto sugere, os bailes eram vistos como uma inovadora forma de entretenimento aos paulistas entre os anos de 1930 e 1960, período de rápido crescimento da metrópole paulista. Assim, conjuntamente com a expansão do cinema, os bailes eram considerados modernas manifestações da indústria de lazer em São Paulo, sinal de um novo estilo de vida urbano e contemporâneo. Ademais, tais eventos eram marcados pela forte influência cultural estrangeira, seja na presença do jazz (estilo musical de origem norte-americana) como pela própria indumentária utilizada pelos participantes, em sintonia com a moda vigente na Europa e na América do Norte. Por se tornarem símbolos da modernidade e da proximidade cultural com outros centros urbanos globais, tais bailes se tornaram marcas importantes de um ideário cosmopolita paulista para o período.

b) Apesar da euforia da sociedade brasileira pela vitória na Segunda Guerra Mundial e pelo processo de redemocratização em curso no país, a vida dos trabalhadores brasileiros encontrava uma série de desafios, tanto no campo como na cidade. Acometidos pelos esforços de Guerra, pela crescente inflação e pela desestruturação da economia mundial, os trabalhadores brasileiros conviviam com uma redução geral de seu poder de compra e de sua qualidade de vida no pós-guerra. Como reflexo dessa situação, os anos de 1946 e 1947 foram marcados pela eclosão de uma série de greves operárias no país, sobretudo nos principais centros urbanos do Sudeste.

Concomitante aos movimentos grevistas, os sindicatos almejavam assegurar sua autonomia prevista na Constituição de 1946 - autonomia esta prevista de forma ambígua, já que a Carta assegurava ao mesmo tempo a liberdade sindical e mecanismos de controle estatal de tais associações. No entanto, tais esforços associativos e grevistas tiveram curta duração dentro do governo Dutra, já que,especialmente após a proibição do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e opção pelo alinhamento automático com os EUA na Guerra Fria, a intervenção estatal nos sindicatos e a perseguição de elementos considerados "subversivos" se tornaram práticas comuns, respaldadas pelo forte discurso anticomunista. No entanto, ainda que sofrendo eventuais intervenções estatais e perseguições políticas, o movimento sindical brasileiro manteve-se ativo nos anos subsequentes do período democrático, como na ocorrência da Greve dos 300 mil em 1953 e a Greve dos 400 mil, em 1957. Aqui, importantes ganhos aos trabalhadores foram conquistados através de sua mobilização, como o aumento do salário mínimo em 100% decretado pelo então ministro João Goulart, ou as recuperações salariais obtidas através das inúmeras negociações e greves.

Politicamente, após a proibição do PCB, os trabalhadores eram principalmente representados pelo PTB, partido criado por Getúlio Vargas. A associação entre o operariado urbano, sindicalistas e os dirigentes do PTB atravessou a década de 1950 e persistiu até o início dos anos de 1960, durante o Governo de João Goulart. Nesse contexto, há uma nova crescente de mobilização do operariado urbano em torno das chamadas “Reformas de Base” e da ampliação de seus direitos sociais. Contudo, com o golpe militar de 1964, novamente os sindicatos experimentaram um aumento das intervenções e da repressão política, agora durante os anos da chamada Ditadura Militar.