Questão 41 Unesp 2021 - 1ª fase - dia 2
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos se viram numa situação privilegiada, como a mais forte, coesa e próspera economia mundial. O governo americano coordenou um vasto plano de apoio para recuperar as economias capitalistas da Europa Ocidental, já no contexto da Guerra Fria. As agitações revolucionárias na Ásia, África e América Latina forçariam desdobramentos dos investimentos americanos também para essas áreas.
O resultado desse conjunto de medidas foi um crescimento econômico sem precedentes das economias industriais. Entre 1953 e 1975 a taxa de produção industrial cresceu na escala extraordinária de seis por cento ao ano. O crescimento da riqueza foi de cerca de quatro por cento per capita em todo esse período. Mesmo com a crise do petróleo, que atingiu e abateu os mercados entre 1973 e 1980, o crescimento continuou, embora reduzido a cerca de dois e meio por cento ao ano, o que ainda era uma escala notável.
(Nicolau Sevcenko. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa, 2001. Adaptado.)
No contexto descrito,
| a) |
a industrialização no Ocidente expandiu-se 12% no período de 1973 a 1980, o que refletiu a plena independência da indústria ocidental em relação ao petróleo produzido e exportado pelo Oriente Médio. |
| b) |
o crescimento da riqueza foi menor no período de 1973 a 1980, em relação às décadas anteriores, demonstrando o impacto da crise do petróleo na economia norte-americana e na do Ocidente europeu. |
| c) |
a taxa de produção industrial cresceu 132% no período de 1953 a 1975, o que fortaleceu a economia norte-americana e permitiu investimentos nos países do Ocidente europeu. |
| d) |
a produção industrial norte-americana manteve-se estável no período de 1953 a 1975, o que impediu que os Estados Unidos abalassem a liderança econômica mundial da China e da União Soviética. |
| e) |
a riqueza per capita sofreu redução de 2,5% no período de 1973 a 1980, o que fragilizou a posição norte-americana na disputa pelos mercados dos países do Ocidente europeu. |
a) Incorreta. É incorreto apontar que a indústria ocidental apresentava plena independência em relação ao petróleo produzido e exportado pelo Oriente Médio, situação que sequer foi atingida até os dias atuais. As chamadas crises do petróleo afetaram profundamente as economias do mundo ocidental, impactando o ritmo de crescimento da riqueza e de desenvolvimento industrial em todo o mundo. Como resultado, o próprio texto indica uma redução na escala de crescimento das chamadas economias industriais, que diminuíram seu ritmo de crescimento para o patamar de dois e meio por cento ao ano, inferior aos índices apresentados nas décadas anteriores.
b) Correta. A Crise do Petróleo de 1973 foi uma reação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em solidariedade à Síria e ao Egito, países envolvidos em conflito contra Israel. Para retaliar a interferência ocidental em apoio a Isarel, a OPEP optou pela redução do fornecimento de petróleo em 5% e pelo aumento dos preços de venda em cerca de 70%. Como resultado, o preço do petróleo disparou no mercado internacional, apresentando um aumento de quase 1.500% nos primeiros anos da década de 1970. Tal mudança na política de preços afetou profundamente toda a indústria ocidental, bastante dependente desse combustível oriundo do Oriente Médio, resultando numa evidente desaleceração do seu ritmo de crescimento, conforme constatado nos números apresentados no texto base do exercício.
c) Incorreta. É impreciso afirmar que os Estados Unidos apresentam condições de investimentos nos países ocidentais somente com o crescimento da produção industrial entre 1953 e 1975. Conforme o próprio texto base afirma, os norte-americanos já apresentam uma situação privilegiada com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) já que, neste momento, era a economia "mais forte, coesa e próspera" em todo o mundo. Como resultado de sua hegemonia, o país implementou um plano de apoio às economias ocidentais entre 1953 e 1975, levando a um crescimento industrial para além de suas fronteiras, num projeto que buscava barrar tanto consolidar sua liderança geopolítica internacional como também deter o avanço do comunismo na Guerra Fria.
Além disso, como a taxa de produção industrial cresceu na escala de 6% ao ano, de 1953 até 1975, então o crescimento total nesse período foi de:
ou seja, um aumento de aproximadamente 260%.
Vale destacar que se o crescimento fosse a uma taxa constante de 6% da produção de 1953, teríamos:
Ou seja, um aumento de 132%.
Lembrando que o primeiro obedece ao regime de juros compostos e a segundo de juros simples, e temos que a juros compostos à uma taxa positiva é maior do que o juros simples para todo período maior do que 1.
d) Incorreta. Segundo o texto de Nicolau Sevcenko, "entre 1953 e 1975 a taxa de produção industrial cresceu na escala extraordinária de seis por cento ao ano", contrariando a afirmativa de uma suposta estabilidade da produção industrial norte-americana para o mesmo período. Ademais, entre outros pontos, os investimentos dos Estados Unidos nas economias industriais entre 1953 e 1975 apresentaram considerável eficácia em impedir o avanço da influência política e econômica da União Soviética e da China durante o período, restrito a casos mais específicos de Cuba e de certos países na África, por exemplo.
e) Incorreta. O texto não afirma que a riqueza per capita sofreu redução de 2,5% no período entre 1973 a 1980, mas sim revela uma redução do ritmo de crescimento ocidental devido às chamadas Crises do Petróleo. Ainda assim, os Estados Unidos mantém seu papel de protagonista no mundo capitalista, continuando a atuar para reduzir a interferência soviética dentro de suas áreas de influência.