Para a maioria dos brasileiros, a divisão regional utilizada atualmente parece sempre ter existido porque serve de base, há décadas, para a regionalização de todas as agências governamentais, empresas, associações profissionais etc. Se existem semelhanças evidentes, como em outros países do mundo, há também casos-limite e vinculações ambíguas. Isso ocorre não apenas em razão do tamanho dos estados como também porque reúnem regiões que apresentam caracteres que as aproximam mais do conjunto vizinho que do resto de seu território.
(Hervé Théry e Neli Aparecida de Mello-Théry. Atlas do Brasil, 2018.)
Caracteriza um exemplo de “caso-limite”, tal como problematizado pelos autores,
a) |
a parcela oeste do Tocantins, área que integra a região Nordeste, mas recebe investimentos diretos da região Centro-Oeste. |
b) |
o litoral de São Paulo, área que integra a região Sudeste, apesar da forte cisão física provocada pela Serra do Mar. |
c) |
a porção sul do Espírito Santo, área que integra a região Sudeste, mas se beneficia das políticas nordestinas de fomento. |
d) |
o noroeste do Maranhão, área que integra a região Nordeste, mas está inclusa na Amazônia Legal. |
e) |
o Distrito Federal, área que integra a região Centro-Oeste, apesar da dependência financeira restrita à região Sudeste. |
a) Incorreta. Embora realmente possua uma dinâmica econômica muito atrelada aos investimentos vinculados à expansão do agronegócio do Centro-Oeste brasileiro, o estado de Tocantins, criado em 1988 a partir do desmembramento da porção norte de Goiás, está inserido na macrorregião Norte pela classificação oficial do IBGE, e não no Nordeste, como aponta a alternativa.
b) Incorreta. O litoral de São Paulo não é exemplo de um desses "casos-limites", pois apresenta características bem delimitadas e que se relacionam fortemente com o seu entorno por meio de características naturais: clima tropical litorâneo, vegetação de Mata Atlântica e relevo serrano movimentado adjacente às planícies litorâneas.
c) Incorreta. O Espírito Santo localiza-se no Sudeste e nenhuma de suas regiões se beneficia de políticas de desenvolvimento voltadas para os estados do Nordeste, o que torna a alternativa incorreta.
d) Correta. O noroeste do estado maranhense, denominado Meio-norte, está inserido em uma realidade que denota aspectos naturais e humanos de transição entre o Nordeste e o Norte do país, com presença de uma paisagem formada por vegetação típica da Amazônia e pela Mata dos Cocais, formação arbórea em que se encontram espécies de palmeiras e coqueiros (carnaúba, babaçu), clima tropical e equatorial e solos relativamente férteis. Dessa forma, embora o estado do Maranhão seja classificado oficialmente como pertencente à macrorregião Nordeste, sua porção oeste apresenta aspectos similares aos da região Norte sendo um "caso-limite", como apresentado pelo texto do enunciado. A imagem a seguir demonstra os estados que fazem parte da Amazônia Legal, forma de regionalização que visa promover o desenvolvimento econômico nos estados em que se verifica presença da floresta amazônica, dentre eles o Maranhão:
Amazônia Legal. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/geociencias/organizacao-do-territorio/estrutura-territorial/15819-amazonia-legal.html?=&t=acesso-ao-produto
e) Incorreta. O Distrito Federal, ente federativo que abriga a cidade-capital do país, Brasília, não é um "caso-limite", pois não apresentam "caracteres que as aproximam mais do conjunto vizinho que do resto de seu território", uma vez que se trata de um território com características singulares e bem delimitadas no contexto regional em que está inserido.