(Adriano Figueiró. Biogeografia, 2015.)
A distribuição do gênero Tapirus no tempo e no espaço indica que
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classes naturalmente modificadas exemplificam a pluralidade ecológica do determinismo geográfico. |
b) |
famílias deslocadas terão suas existências comprometidas com os limites meridionais dos continentes. |
c) |
espécies de um mesmo gênero podem surgir conforme as mudanças ambientais na escala do tempo geológico. |
d) |
espécies em distribuição contínua registram fácil adaptação devido à ausência de barreiras geográficas. |
e) |
famílias derivadas de um mesmo gênero demonstram a adaptação dos seres vivos às características locais. |
De acordo com a figura mostrada no enunciado, o gênero Tapirus era formado por apenas uma espécie ancestral, conhecida como Protapirus, que habitou a América do Norte em tempos pré-históricos. As populações dessa espécie ancestral se espalharam pela América do Sul e, atravessando o estreito de Bering, pela Ásia. Nesses locais, ao longo do tempo geológico, a espécie ancestral de anta, Protapirus, deu origem às espécies atuais:Tapirus terrestris, T. bairdii, T. pinchaque e T. indicus, devido a processos de anagênese e cladogênese.
Durante a anagênese, ocorre a formação de uma espécie descendente a partir da modificação de uma espécie ancestral. Nesse processo, alterações no material genético de uma população vão se acumulando ao longo do tempo, devido à ação de fatores evolutivos, como mutações, seleção natural (decorrente da modificação do ambiente) e deriva genética. Desse modo, as características fenotípicas vão mudando gradativamente, resultando na origem de uma nova espécie sem que haja a ramificação da linhagem ancestral.
Durante a cladogênese, ocorre a ramificação de uma espécie ou linhagem ancestral, que origina duas ou mais espécies descendentes devido ao fenômeno da especiação. Nesse processo, que ocorre geralmente devido ao surgimento de uma barreira geográfica (especiação alopátrica), o fluxo gênico entre populações da mesma espécie é interrompido. Assim, ao longo do tempo geológico, as populações vão se tornando geneticamente diferentes devido à ocorrência de mutações, de pressões seletivas (decorrentes de alterações do ambiente) e de processos estocásticos (deriva genética) específicos e únicos à cada população em isolamento. Após milhares ou milhões de anos, as populações separadas se tornam incapazes de se reproduzir e gerar descendentes viáveis ou férteis (isolamento reprodutivo), resultando na origem de novas espécies.
a) Incorreta. As antas pertencem todas à mesma classe (Mammalia) e ao mesmo gênero (Tapirus). A figura exemplifica a origem de novas espécies dentro um mesmo gênero.
b) Incorreta. As antas pertencem todas à mesma família (Tapiridae) e ao mesmo gênero (Tapirus). Os limites meridionais dos continentes oferecem novos ambientes para a diversificação dos seres vivos, não havendo comprometimento de suas existências.
c) Correta. As espécies atuais de antas, todas pertencentes ao mesmo gênero (Tapirus) se originaram a partir da modificação de uma espécie ancestral, conhecida como Protapirus. A origem das espécies atuais pode ser explicada por fenômenos evolutivos, como a anagênese e a cladogênese, os quais ocorrem em uma escala de tempo de milhares ou milhões de anos (tempo geológico).
d) Incorreta. As espécies que apresentam uma ampla distribuição geográfica podem apresentar populações isoladas devido à existência de barreiras geográficas, como cadeias montanhosas, rios, oceanos, ou até mesmo habitats diferentes, os quais apresentam pressões seletivas diferentes.
e) Incorreta. As antas pertencem todas à mesma família (Tapiridae) e ao mesmo gênero (Tapirus). A origem das espécies atuais de antas envolveu a adaptação das populações ancestrais a novos ambientes, os quais apresentam diferentes pressões seletivas.