A disponibilidade de água no Brasil é elevada, se comparada à de outras regiões do mundo. No entanto, quando se consideram o potencial hídrico no território e a distribuição da população brasileira por regiões, notam-se
a) |
a distribuição desigual do recurso e a possibilidade de escassez hídrica.
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b) |
a homogeneidade da matriz energética nacional e o predomínio de assentamentos litorâneos.
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c) |
a transposição do recurso e a criação artificial de demandas.
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d) |
a valorização de áreas bem abastecidas e os fluxos migratórios de transumância.
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e) |
a perda do recurso por mau uso e o desequilíbrio na ocupação de bacias hidrográficas.
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Quando observamos generalizadamente, vemos que a disponibilidade de água no Brasil é elevada se comparada à de outras regiões do mundo, uma vez que possuímos cerca de 12% dos recursos hídricos potáveis do planeta. O Brasil possui sozinho um volume de água doce que chega a ser comparável a todo volume disponível no continente europeu. No entanto, quando observamos a distribuição dos recursos hídricos pelo território brasileiro, vemos que a distribuição é irregular, sendo mais abundante na região norte do país. Ao observar a também irregular distribuição da população brasileira pelo território, muito mais concentrada no sudeste do país, entendemos o porquê de esta situação de alta demanda regional acabar por trazer situações de escassez hídricas em regiões com alto grau de povoamento e baixa oferta hídrica. Sabendo isso:
a) Correta. A alternativa está certa, pois, como vimos acima, a distribuição desigual dos recursos hídricos gera baixa oferta, que, quando associada à alta demanda gerada pela concentração populacional, acarreta escassez hídrica.
b) Incorreta. Não se pode afirmar que haja "homogeneidade da matriz energética nacional", uma vez que o Brasil possui predomínio da produção hidrelétrica, além disso, o texto da alternativa não completa adequadamente o texto do enunciado.
c) Incorreta. A transposição dos recursos hídricos (como a que ocorre na nascente do Tietê e a que está sendo implementada no rio São Francisco) não pode ser tratada como uma característica comum e generalizada no país, uma vez que são infraestruturas pontualmente implementadas para corrigir questões de disponibilidades hídricas regionais. Além disso, a "criação artificial de demandas" não representa um fenômeno geográfico real.
d) Incorreta. A valorização de áreas bem abastecidas não é regra determinada exclusivamente pela disponibilidade ou escassez hídrica. Devemos considerar também infraestruturas regionais produtivas para determinação de valorização territorial no Brasil.
e) Incorreta. Apesar de o mal uso e de o desperdício da água e de o desequilíbrio da ocupação das áreas de bacias serem realidades, o texto da alternativa não completa adequadamente o comando do enunciado, pois a complementação adequada para "quando se consideram o potencial hídrico no território e a distribuição da população brasileira por regiões, notam-se" deveria versar apenas sobre as discrepâncias existentes entre a distribuição do potencial hídrico pelo território brasileiro (com elevada concentração na região norte) e a distribuição populacional (com elevada concentração nas áreas litorâneas e na região sudeste). O texto pede, especificamente, para completar uma frase que considera o potencial hídrico no território brasileiro e a distribuição da população por regiões, de modo que "a perda do recurso por mau uso", embora exista, não é a continuação adequada para o texto do enunciado. O enunciado nos remete a analisar a disponibilidade de água regional em função do número de habitantes locais, isto é, leva-nos a relacionar a demanda hídrica com a oferta hidrica nas regiões das bacias, de modo que, havendo excesso de demanda ou baixa oferta, haja escassez hídrica, independentemente do mau uso ou do desperdício existirem ou não, ou ainda, havendo baixa demanda ou elevada oferta, haja abundância ou sobra do recurso. O texto não nos induz a discutir o mau uso dos recursos hídricos, e sim a relação entre oferta e demanda de recursos.