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Questão 58 Unesp 2021 - 1ª fase - dia 1

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Questão 58

Deleuze Filosofia Contemporânea

TEXTO 1 

O filósofo é o amigo do conceito, ele é conceito em potência. Quer dizer que a filosofia não é uma simples arte de formar, de inventar ou de fabricar conceitos, pois os conceitos não são necessariamente formas, achados ou produtos. A filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos.

(Gilles Deleuze e Félix Guattari. O que é a filosofia?, 2007.)

TEXTO 2 

A língua é um "como se pensa, enquanto que a cultura é "o quê" a sociedade faz e pensa. A língua, como meio, molda o pensamento na medida em que pode variar livremente. A lingua é o molde dos pensamentos.

(Rodrigo Tadeu Gonçalves. Perpétua prisão órfica ou Enio tinha três corações, 2008. Adaptado)

Os textos levantam questões que permitem identificar uma característica importante da reflexão filosófica, qual seja, que 

 



a)

a mutabilidade da linguagem amplia o conhecimento do mundo. 

b)

a cultura é constituída a partir da especulação teórica.

c)

o conhecimento evolui a partir do desenvolvimento tecnológico 

d)

a filosofia estabelece as balizas e diretrizes do fazer científico 

e)

os conceitos são permanentes e derivados de verdades preestabelecidas.

Resolução

Deleuze e Guattari são autores de diálogo com várias áreas do saber, para além da filosofia. Conversam com a psicologia, com a psicanálise, com a pedagogia, com a linguística. Nem sempre para ratificá-las; às vezes para negá-las; às vezes para reinterpretar seus conceitos. De um modo ou de outro, são justamente os conceitos que mais lhes interessam.

No campo do ensino da filosofia, por exemplo, em contraposição a perspectivas outras da história da filosofia (como a perspectiva histórico-social), Deleuze e Guattari defendem o que o texto 1 deixa claro: a filosofia cria conceitos. Mas, qual o motivo disso?

A filosofia cria conceitos para solucionar problemas, aqueles presentes no dia a dia. Filosofar, nesse sentido, é, então, criar conceitos para ressignificar nossa existência, que flui frente aos acontecimentos (às problematizações) e rumo ao futuro - porque o conceito chama o mundo à existência. O conceito cria.

Soma-se, ao que foi dito, a língua, que, como menciona o segundo texto, é o "molde dos pensamentos" (nesse contexto, o molde dos conceitos, se fôssemos, aqui, relacionar os textos, porque o conceito está no campo do pensamento, embora não se feche, exclusivamente, nele). 

O resultado só pode ser um: a mutabilidade da linguagem (e poderíamos dizer - da língua, do pensamento, do conceito) amplia o conhecimento do mundo. Assim, mesmo que o exercício, no seu todo, não tenha tomado o cuidado de distinguir língua e linguagem, por exemplo, ele em nada nos dá margem para assinalar outra alternativa que não a alternativa "A". As outras alternativas só nos trazem informações incorretas (caso das alternativas "B", "C" e "E") ou controversas (caso da alternativa "D"): a cultura não se faz a partir de especulação teórica; o conhecimento não evolui a partir da tecnologia; nem todos defendem que a filosofia estabelece as diretrizes da ciência; os conceitos não são permanentes.