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Questão 91 Enem 2020 - dia 2 - Ciências da natureza e suas tecnologias

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Questão 91

Corredores ecológicos

A fragmentação dos hábitats é caracterizada pela formação de ilhas da paisagem original, circundadas por áreas transformadas. Esse tipo de interferência no ambiente ameaça a biodiversidade. Imagine que uma população de onças foi isolada em uma mata pequena. Elas se extinguiriam mesmo sem terem sido abatidas. Diversos componentes da ilha de hábitat, como tamanho, a heterogeneidade, o seu entorno, a sua conectividade e o efeito de borda são determinantes para a persistência ou não das espécies originais. 

Uma medida que auxilia na conservação da biodiversidade nas ilhas mencionadas no texto compreende a



a)

formação de micro-hábitats.

b)

ampliação do efeito de borda.

c)

construção de corredores ecológicos.

d)

promoção de sucessão ecológica.

e)

introdução de novas espécies de animais e vegetais.

Resolução

A fragmentação de hábitat é uma das principais causas da extinção de espécies atualmente. Conforme as florestas e os campos nativos vão sendo convertidos em áreas de cultivo agrícola ou em pasto para a criação extensiva de gado, pequenas manchas de vegetação (fragmentos) permanecem entremeadas a uma matriz formada por uma paisagem antropizada (ou seja, modificada pela ação humana).

Os pequenos fragmentos de hábitat, em geral, são inadequados para sustentar diversas populações de seres vivos, uma vez que sua área é pequena para permitir a manutenção de uma alta variabilidade genética. A diversidade genética das populações isoladas nos fragmentos vai sendo corroída por dois fatores: endogamia, ou seja, o cruzamento entre indivíduos geneticamente aparentados; e deriva genética, que leva à oscilação nas frequências gênicas devido a fatores estocásticos, como, por exemplo, desastres ambientais. A endogamia e a deriva genética são fatores que atuam mais intensamente em populações pequenas, levando à perda de variabilidade genética e, consequentemente, à redução da capacidade adaptativa das populações. Assim, essas populações entram no chamado vórtex da extinção, que conduz inexoravelmente à perda de espécies localmente.

Uma forma de se evitar a extinção de espécies devido à fragmentação de hábitat é interligando os fragmentos por meio de corredores ecológicos (figura 1). Os corredores são áreas de hábitat propício, sendo formados por vegetação nativa ou exótica, que conectam diversos fragmentos, de modo que suas populações, antes isoladas por cercas, rodovias, cidades, campos cultivados etc., possam constituir uma unidade única e coesa. Os corredores contribuem para a manutenção das populações nativas porque permitem a migração de animais entre fragmentos; a colonização de novos fragmentos quando a oferta de alimento diminui na área original; e o intercruzamento de indivíduos provenientes de diferentes áreas. Dessa maneira, a criação e manutenção de corredores ecológicos constituem uma estratégia essencial para a manutenção e restauração de processos ecológicos e para o funcionamento do ecossistema.

 

Figura 1: Corredor Florestal – Pontal do Paranapanema. Créditos: © IPE / Laury Cullen Jr. Fonte: https://www.oneearth.org/connectivity-ecological-corridors-are-key-to-protecting-biodiversity/ (acesso em 24 de janeiro de 2021).