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Questão 3 Enem 2020 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

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Questão 3

poem

A Mother in a Refugee Camp

No Madonna and Child could touch
Her tenderness for a son
She soon would have to forget...
The air was heavy with odors of diarrhea,
Of unwashed children with washed-out ribs
And dried-up bottoms waddling in labored steps
Behind blown-empty bellies. Other mothers there
Had long ceased to care, but not this one:
She held a ghost-smile between her teeth,
and in her eyes the memory
Of a mother's pride... She had bathed him
And rubbed him down with bare palms.
She took from their bundle of possessions
A broken comb and combed
The rust-colored hair left on his skull
And then - humming in her eyes-began carefully
[to part it.
In their former life this was perhaps
A little daily act of no consequence
Before his breakfast and school; now she did it
Like putting flowers on a tiny grave.

ACHEBE, C. Collected Poems. New York: Anchor Books, 2004.

O escritor nigeriano Chinua Achebe traz uma reflexão sobre a situação dos refugiados em um cenário pós-guerra civil em seu país. Essa reflexão é construída no poema por meio da representação de uma mãe, explorando a(s)



a)

demonstração de orgulho por não precisar pedir doações.

b)

descrições artísticas detalhadas de uma obra conhecida.

c)

aceitação de um diagnóstico de doença terminal do filho.

d)

consternação ao visitar o túmulo do filho recém-falecido.

e)

impressões sensoriais experimentadas no ambiente.

Resolução

Uma mãe em um campo de refugiados

Nenhuma mãe e criança poderia tocar
Sua ternura por um filho
Ela logo teria que esquecer...
O ar estava pesado com odores de diarreia,
De crianças não lavadas com costelas adoecidas
E nádegas secas cambaleando em passos difiíceis
Atrás de barrigas vazias e inchadas. Outras mães lá
Tinham deixado de se importar, mas não esta:
Ela segurou um sorriso fantasma entre os dentes,
e em seus olhos a memória
Do orgulho de uma mãe... Ela tinha banhado-o
E esfregou-o com as palmas das mãos nuas.
Ela tirou de sua trouxa de pertences
Um pente quebrado e penteou
O cabelo cor de ferrugem que restou em seu crânio
E então - cantarolando em seus olhos-começou cuidadosamente
[a separá-lo.
Em sua vida anterior isso era talvez
Um pequeno ato diário sem consequência
Antes de seu café da manhã e escola; agora ela fez isso
Como colocar flores em uma pequena cova.

a) Incorreta. O poema demonstra o sofrimento de uma mãe ao cuidar de seu filho em um campo de refugiados, não há absolutamente nada de demonstração de orgulho por não precisar pedir doações e nem há menção alguma no texto a doações.

b) Incorreta. Podemos perceber uma descrição detalhada  do ambiente neste campo de refugiados, como os odores e a desnutrição das crianças; esta mãe, especificamente, que diferente das outras mães já desacreditadas, cuidava do filho banhando-o e penteando seu cabelo, mas não há como afirmar que estas descrições sejam artísticas e detalhadas de uma obra conhecida.

c) Incorreta. Não há uma aceitação por parte da mãe de um diagnóstico de doença terminal do filho, primeiro porque não há um diagnóstico especificamente e segundo porque, mesmo com toda a stiuação nefasta em que esta mãe e seu filho se encontram no campo de refugiados, ela não aceita que seu filho possa estar partindo, ela cuida dele, assim como cuidava antes de ele ir para a escola.

d) Incorreta. Apesar de o final do poema mencionar uma pequena cova, o que podemos perceber é uma mãe dando banho em seu filho, penteando seu cabelo, lembrando de como fazia em sua vida anterior. Um pequeno ato diário sem consequência e que agora ela faz isso
como colocar flores em uma pequena cova
, ou seja, com a mesma tristeza de uma mãe ao colocar flores em uma pequena cova. Além disso, no trecho: She soon would have to forget... podemos perceber que talvez em breve esta mãe terá que esquecer a ternura de tocar um filho, o que nos leva a enteder que talvez este menino estivesse quase morrendo, mas que ainda não havia, de fato, falecido. 

e) Correta. O poema nos traz inúmeras impressões sensoriais experimentadas no ambiente, como a ternura de tocar um filho, o ar que estava pesado com odores de diarreia, das crianças não lavadas com costelas adoecidas, de nádegas secas cambaleando em passos difíceis atrás de barrigas vazias e inchadas. Ou da mãe que tinha banhado seu filho e esfregou-o com as palmas das mãos nuas, que tirou de sua trouxa de pertences um pente quebrado e penteou o cabelo cor de ferrugem que restou em seu crânio e então - cantarolando em seus olhos - começou cuidadosamente a separá-lo.