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Questão 16 Enem 2020 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

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Questão 16

textos literários Pressupostos e Subentendidos

A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar um mais velho a avisar que a brincadeira já acabou e está na hora de jantar. A vida afinal acontece muito de repente - nunca ninguém nos avisou que aquele era mesmo o último Carnaval da Vitória. O Carnaval também chegava sempre de repente. Nós, as crianças, vivíamos num tempo fora do tempo, sem nunca sabermos dos calendários de verdade. [...] O "dia da véspera do Carnaval", como dizia a avó Nhé, era dia de confusão com roupas e pinturas a serem preparadas, sonhadas e inventadas. Mas quando acontecia era um dia rápido, porque os dias mágicos passam depressa deixando marcas fundas na nossa memória, que alguns chamam também de coração.

ONDJAKI. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007.

As significações afetivas engendradas no fragmento pressupõem o reconhecimento da



a)

perspectiva infantil assumida pela voz narrativa.

b)

suspensão da linearidade temporal da narração.

c)

tentativa de materializar lembranças da infância.

d)

incidência da memória sobre as imagens narradas.

e)

alternância entre impressões subjetivas e relatos factuais.

Resolução

a) Incorreta. O narrador se refere a episódios de sua infância, porém o faz sob a perspectiva de um olhar adulto, refletindo sobre a imprevisibilidade da vida, a relativização do tempo e o caráter da memória.

b) Incorreta. O texto apresenta uma situação definida temporalmente (o Carnaval e sua véspera); não há suspensão na linearidade temporal, mas a rememoração de momentos marcantes para o narrador.

c) Incorreta. O narrador reflete a partir de lembranças da infância, não tenta materializá-las. Não há uma tentativa de reconstruir tais lembranças no presente, mas tecer reflexões com base nelas.

d) Correta. As imagens narradas no fragmento, como afirma o narrador, são de “dias mágicos (que) passam depressa deixando marcas fundas na nossa memória, que alguns chamam também de coração”. Assim, pressupõe-se o reconhecimento de que as experiências de felicidade, mesmo que sejam vivenciadas de modo rápido, ganham uma significação afetiva e ficam marcadas em nossa memória.

e) Incorreta. O relato apresentado é carregado de subjetividade, narrado segundo as impressões do narrador, já adulto, ao rememorar sua infância.