Questão 85 Enem 2020 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas
O cântico da terra
Eu sou a terra, eu sou a vida.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, tem machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
CAROLINA, C. Textos e contextos: poemas dos becos de Goiás e estórias mais.
São Paulo: Global, 1997 (fragmento).
No contexto das distintas formas de apropriação da terra, o poema de Cora Coralina valoriza a relação entre
| a) |
grileiros e controle territorial. |
| b) |
meeiros e divisão do trabalho. |
| c) |
camponeses e o uso da natureza. |
| d) |
indígenas e manejo agroecológico. |
| e) |
latifundiários e fertilização do solo. |
O poema “Cântico da terra” da poetisa Cora Coralina apresenta a terra como eu lírico, direcionando seu canto ao homem do campo que dela vive, tirando dela o sustento e manutenção de sua vida e existência e dela também dependendo na hora de sua morte. Essa apropriação da terra pelo homem e do homem pela terra revela a relação de reciprocidade apresentada pela poetisa. Sendo assim, o poema mostra o homem do campo, a partir de seu trabalho, vivendo do que a terra e a natureza lhe provém e, por fim, ele mesmo retornará a ela em sua morte.
a) Incorreta. O texto não fala sobre invasão de terras e roubo de terras através da grilagem, que consiste na apropriação ilegal e roubo de terras por meio de sua ocupação e falsificação das escrituras por parte de fazendeiros.
b) Incorreta. O trabalho meeiro é o trabalho feito em parceria entre dono da terras e o agricultor que fornece a mão-de-obra em troca da divisão da produção ao meio. Vale ressaltar que o poema não aborda este assunto.
c) Correta. O texto leva a perceber que o poema valoriza a relação entre os camponeses e o uso da natureza através da terra e da agropecuária.
d) Incorreta. O poema não aborda a questão indígena e, tampouco, o manejo agroecológico.
e) Incorreta. O poema não aborda a questão da estrutura agrária em latifúndios e também não remete a problemas associados a fertilização do solo.