TEXTO I
Os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com nariz e a boca.
PESSOA, F. O guardador de rebanhos - IX. In: GALHOZ, M. A. (Org). Obras poéticas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999 (fragmento)
TEXTO II
Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão minha ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da ciência não poderiam dizer nada.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999 (adaptado).
Os textos mostram-se alinhados a um entendimento acerca da ideia de conhecimento, numa perspectiva que ampara a
a) |
anterioridade da razão no domínio cognitivo. |
b) |
confirmação da existência de saberes inatos. |
c) |
valorização do corpo na apreensão da realidade. |
d) |
verificabilidade de proposições no campo da Lógica. |
e) |
possibilidade de contemplação de verdades atemporais. |
A leitura dos dois textos deixa evidente que existe sim um "alinhamento", como diz o enunciado, dos autores em relação ao fato de que nosso conhecimento se ampara em nossa corporeidade, visto que, como defende o filósofo fenomenólogo Merleau-Ponty, sem nosso corpo não entramos em contato com o mundo e, sem entrar em contato com o mundo, nada podemos conhecer. Nosso corpo, então, é porta de entrada para o conhecimento, que nele (por ele/através dele) se origina.
É por isso que a alternativa "C" é a única que pode ser considerada correta. Todas as outras alternativas, em última instância, não valorizam o corpo, a corporeidade, a materialidade, a sensibilidade e a empiria, tão enaltecidas no poema de Fernando Pesso e no texto de Merleau-Ponty. "Domínio cognitivo", "saberes inatos", "campo da lógica" e "verdades atemporais" são expressões que nos remetem a análises que estão muito distantes daquela que encontramos nos excertos.