“ O vento da vida, por mais que cresça, nunca pode chegar a ser bonança; o vento da fortuna pode chegar a ser tempestade, e tão grande tempestade, que se afogue nela o mesmo vento da vida.”
(Antônio Vieira, “Sermão de quarta-feira de cinza do ano de 1672”, em A Arte de Morrer. São Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 56.)
No sermão proferido na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses, em Roma, Vieira recorre a uma metáfora para chamar a atenção dos fiéis sobre a morte. Assinale a alternativa que expressa a mensagem veiculada pela imagem do vento.
a) |
A vida dos fiéis é comparável à tranquilidade da brisa em alto-mar. |
b) |
A fortuna dos fiéis é comparável à força das intempéries marítimas. |
c) |
A fortuna dos fiéis é comparável à felicidade eterna. |
d) |
A vida dos fiéis é comparável à ventura dos navegadores. |
a) Incorreta. De acordo com o excerto, o vento da vida pode ser destruído pelo vento da fortuna (“o vento da fortuna pode chegar a ser tempestade, e tão grande tempestade, que se afogue nela o mesmo vento da vida.”). Logo, não há tranquilidade na vida dos fiéis, pois a fortuna (o destino) pode destruí-la a qualquer instante.
b) Correta. Vieira compara a fortuna, o destino dos fiéis, a um vento com tal força que pode provocar uma grande tempestade capaz de “afogar o vento da vida”. Assim, a mensagem expressa por essa imagem ilustra a fragilidade da vida perante a morte.
c) Incorreta. Não há referência no excerto à felicidade eterna; ao contrário, a fortuna possui um poder destruidor da vida. Além disso, o vento da vida, segundo Vieira, “nunca pode chegar a ser bonança (calmo, tranquilo)”.
d) Incorreta. A vida dos fiéis é comparada a um vento que nunca será calmo e que pode ser “afogado” pelo vento da fortuna. Portanto, a imagem não pode ser associada à ideia de ventura (no sentido de boa sorte, acontecimento favorável, felicidade) dos navegadores.