A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas. O cafona fura filas, canta pneus e passa sermões. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos. Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.
(Adaptado de Fernanda Young, Bando de cafonas. Publicado em https: //oglobo.globo.com/cultura/em-sua-ultima-coluna-fernanda-young-sent enciacafonice-detesta-arte-23903168. Acessado em 27/05/2020.)
*cafona: quem tem ou revela mau gosto (roupa cafona); que revela gosto ou atitude vulgares. (Adaptado de aulete.com.br.)
Essa releitura do significado de “cafona” salienta
a) |
a importância das atitudes de determinado grupo de pessoas em relação aos problemas que o país de fato enfrenta. |
b) |
o controle do poder político nas mãos de pessoas desprovidas de ética e educação nas formas como se relacionam com o meio ambiente. |
c) |
a incorporação de padrões de comportamento e de convivência social baseada na vulnerabilidade das classes minoritárias. |
d) |
o privilégio de uma parcela da sociedade em relação a outras e a forma como isso determina os dilemas enfrentados pelo país. |
Fernanda Young, no início do texto, mostra que, mesmo diante de tantos problemas existentes no país, ela optou por falar dos cafonas, que, em sua visão, são aqueles que não possuem ética, que são desonestos e corruptos. No final do texto, a autora justifica o tema de seu artigo mostrando que os vários problemas existentes no país só podem ser solucionados com pessoas de bom gosto, ou seja, que não sejam cafonas. Tendo isso em vista: