Imagine o espanto do navegante português João de Castro, vice-rei da Índia, quando, em 1538, viajando pelo Mar Arábico, nas proximidades de Bombaim, tendo atracado em uma pequena ilha, colocou sua bússola sobre o rochedo e verificou que a agulha se inverteu: apontava para o sul em vez de apontar para o norte! A única coisa que o bravo navegador poderia fazer era anotar o incidente em seu diário de bordo e, provavelmente, trocar de bússola.
(Adaptado de Samuel M. Branco e Fábio C. Branco, A deriva dos continentes. São Paulo: Moderna, 2004, p. 58.)
A bússola é um instrumento de orientação na superfície terrestre que permite a localização a partir da posição dos polos magnéticos da Terra.
Considerando o exposto, assinale a alternativa que explica a inversão da agulha da bússola relatada no texto.
a) |
A bússola teve um problema de fabricação, o que fez com que a agulha fosse desmagnetizada, gerando um movimento oposto ao esperado. |
b) |
A agulha da bússola se inverteu, pois o rochedo foi formado em um momento em que os pólos magnéticos da Terra estavam invertidos. |
c) |
A bússola não é um mecanismo confiável de localização, tanto que, na atualidade, foi substituída pelo GPS, instrumento preciso. |
d) |
A bússola é um meio de orientação exclusivo para os navios. O seu uso nos continentes sofre influência dos materiais metálicos. |
A bússola é um dos mais antigos instrumentos de orientação espacial sendo que seu funcionamento ocorre devido à atração de sua agulha metálica pelo magnetismo do planeta, sendo que convencionou-se chamar a orientação para a qual ela aponta de Norte.
É importante ressaltar que há dois tipos de "Norte": o norte geográfico resulta do movimento de rotação da Terra, enquanto o norte magnético é o resultado do campo magnético gerado pelo movimento do metal fundido do núcleo externo em torno do núcleo metálico sólido da Terra. Os dois nortes, portanto, expressam fenômenos geofísicos diferentes e uma agulha metálica ou imantada aponta sempre para o polo norte magnético e, de modo aproximado, para o norte geográfico.
Diante disso, é possível afirmar que:
a) Incorreta. O fenômeno observado não diz respeito a um defeito da bússola, pois ela apresentou um comportamento inesperado pelo navegante João de Castro somente quando foi colocada sobre o rochedo. Além disso, sua agulha não foi desmagnetizada porque ela se direcionou para outra orientação geográfica, ou seja, continuou a ser atraída magneticamente, mas agora, pelo Sul geográfico.
b) Correta. A rocha sobre a qual a bússola foi posta provavelmente é constituída por elevadas concentrações de minerais férricos e foi formada em um momento geológico em que os pólos magnéticos da Terra estavam invertidos em relação ao momento atual, fato que levou a agulha do instrumento a apontar para a orientação Sul, ao invés de Norte.
c) Incorreta. Embora menos precisa do que novos instrumentos tecnológicos de orientação geográfica, a bússola não foi substituída pelo GPS - aparelho que estabelece a localização na superfície terrestre por meio do uso de satélites - pois ainda é utilizada em contextos de falta de acesso a essa novas tecnologias e no ensino de Geografia.
d) Incorreta. A bússola é um instrumento utilizado para orientação até os dias atuais e, embora possa ser afetada por magnetismos emitidos por minerais rochosos, como no caso apresentado na questão, seu uso ainda é possível e muito útil em áreas mais remotas, as quais o acesso às novas tecnologias de orientação espacial são mais limitadas.