“Era Noca, que vinha toda alterada.
─ Nossa Senhora! Quebrou-se o espelho grande do salão!
─ Quem foi que o quebrou? Perguntou Nina, para dizer alguma coisa.
─Ninguém sabe. Veja só, que desgraça estará para acontecer! Espelho quebrado: morte ou ruína.
─ Morte! Se fosse a minha...”
(Júlia Lopes de Almeida, A Falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 257.)
O diálogo apresenta a reação das personagens femininas ao incidente doméstico com o objeto de decoração no palacete de Botafogo. Assinale a alternativa que justifica a fala final de Nina.
a) |
A destruição do espelho a leva a desejar a morte, pois sugere o alívio para a frustração amorosa. |
b) |
A quebra do espelho lhe provoca o temor da morte, uma vez que antecipa a ruína financeira. |
c) |
A destruição do espelho traz a certeza da morte, pois sinaliza o suicídio do ser amado. |
d) |
A quebra do espelho a faz desejar a morte, pois sugere a catástrofe amorosa do casamento.
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a) Correta. Embora seja sobrinha de Camila, Nina ocupa uma posição mais de criada do que de membro da família de Francisco Teodoro. Apaixonada pelo primo Mário, sofre por não ser correspondida e é constantemente maltratada por ele. No entanto, a moça mantém-se subalterna, aceita as agressões do primo, alimentando um amor destrutivo. Sua fala sugere então que a morte seria a única maneira de libertar-se desse sentimento.
b) Incorreta. Nina não demonstra em sua fala ter medo da morte; ao contrário, deseja-a para si. Além disso, a ruína financeira de Francisco Teodoro acaba por promover-lhe maior autonomia, e é Nina quem irá abrigar as parentes na casa ganhou do tio.
c) Incorreta. Quem comete suicídio é o tio de Nina, Francisco Teodoro, e não seu primo Mário, a quem ela amava.
d) Incorreta. De fato, Nina deseja a morte, mas não porque seu casamento estava arruinado; a moça é solteira e seu amado, Mário, havia se casado com Paquita.