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Questão 3 Unicamp 2020 - 2ª fase - dia 2

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Questão 3

Revolução Puritana Antigo Regime

A política europeia é abalada pela Revolução de Cromwell na Inglaterra e pela Restauração Portuguesa. Nesse contexto de mudança política do século XVII, os embaixadores passaram a ser escolhidos dentro dos quadros mais distintos da nobreza, privilegiando-se aqueles sujeitos que possuíam formação acadêmica e conhecimento das leis. 

(Adaptado de Thiago Groh de Mello Cesar, A política externa de D. João IV e o Padre Antonio Vieira: as negociações com os Países Baixos. Dissertação de Mestrado, UFF, 2011, p. 1-2.)  
 


A partir da leitura do texto e de seus conhecimentos, responda às questões.
a) Explique duas consequências da Revolução Puritana para o contexto monárquico europeu do período.   

b) Cite duas funções dos embaixadores europeus na relação entre as monarquias europeias nos séculos XVII e XVIII



Resolução

a) A Revolução Puritana de 1640 foi um importante conflito ocorrido na Inglaterra, na qual se opuseram os "cavaleiros" partidários do Rei Carlos I e o exército vinculado ao Parlamento, este último liderado por Oliver Cromwell. Essa guerra civil é historicamente interpretada como uma das primeiras grandes manifestações de reação ao Absolutismo e ao sistema do Antigo Regime, datada mesmo um século antes da Revolução Francesa. Como principais consequências da Revolução Puritana para o contexto monárquico Europeu, o vestibulando poderia escolher duas dentre:

1) Enfraquecimento do sistema Absolutista: Na Idade Moderna, as estruturas políticas estavam atreladas ao conceito de Absolutismo monárquico, no qual o monarca, considerado o representante da vontade de Deus, detinha poderes políticos absolutos dentro do seu reino. A Revolução Puritana foi um importante episódio de ruptura com este sistema dentro da lógica do Antigo Regime, sendo que Carlos I sai derrotado e executado ao longo conflito contra as forças do parlamento. Posteriormente, o Absolutismo Inglês sofreria outra derrota na chamada "Revolução Gloriosa", que levou à ascensão da dinastia de Orange e a assinatura do Bill of Rights (Declaração de Direitos), consagrando o parlamentarismo monárquico.

2) Fortalecimento da influência política da burguesia: A tensão entre o parlamento e a dinastia Stuart era agravada por ações centralizadoras dos monarcas ingleses, como a criação de novos tributos sem a devida consulta e aprovação pelo parlamento. Essa postura contrariava a própria concessão de Carlos I em 1628, na Petição de Direitos, que, entre outras coisas, garantia que a primazia do parlamento inglês na coleta de novas taxas. Tais impostos eram criticados fundamentalmente pela burguesia local, que via seus interesses econômicos lesados com essas medidas e sua representação parlamentar ignorada pelo monarca.

3) Indícios de contestação da ordem social estamental no Antigo Regime: O exército liderado por Cromwell, conhecido como "Novo Exército Modelo", baseava-se nos critérios de méritos para a organização interna e composição de sua hierarquia. Essa medida rompia com a tradição europeia de legar os principais cargos do exército à alta nobreza do país. Essa nova opção de organização militar favoreceu inclusive a contestação social e política mais ampla por grupos radicais, como os chamados "niveladores" e "escavadores". Tais grupos eram compostos por pequenos proprietários que defendiam a ampliação do direito de voto e de representação do parlamento, ou mesmo uma reforma agrária na Inglaterra.

4) O fim da Monarquia Inglesa, ainda que temporário: Após a vitória de Cromwell na guerra contra as forças de Carlos I, instaura-se um breve período republicano na Inglaterra, rompendo com as tendências absolutistas representadas pela dinastia Stuart. Essa medida é importante em um contexto no qual a monarquia era uma estrutura política difusa e consolidada na Europa Ocidental.

b) Os embaixadores eram importantes personagens de representação política de um reino no exterior, sendo que tais diplomatas representavam diretamente a vontade real. Justamente pela grande relevância de suas funções, estes eram "escolhidos dentro os quadros mais distintos da nobreza", privilegiando "a formação acadêmica e conhecimento das leis", conforme o texto da questão menciona. Aos embaixadores também competia a formação de acordos de paz entre os reinos e também a confecção de tratados diversos, mesmo os de caráter comercial entre os países. Eram fundamentais, por exemplo, na organização de alianças para reconhecimento internacional de legitimidade dinástica nas diversas monarquias europeias. A formação de uma embaixada também simbolizava um esforço diplomático de aproximação entre diferentes coroas para manter uma relação entre reinos mais próxima, já que mantinham de forma regular e contínua um grupo de oficiais de alto escalão em outro reino.