Em 29 de outubro de 1956, uma grave crise política descambou em uma intervenção militar na região do Canal de Suez e da Península do Sinai (Egito).
a) Indique a importância dessa região nos quadros da política internacional do período.
b) Mencione as potências envolvidas diretamente nesse conflito e os seus respectivos interesses.
c) Explique as tensões associadas à articulação política entre os diversos Estados árabes nesse período.
a) O Canal de Suez, inaugurado em 1869, une o Mediterrâneo ao Mar Vermelho, sendo dessa forma uma importante via de transporte para o petróleo do Oriente Médio. A nacionalização do canal por Nasser, presidente nacionalista do Egito (1954-1970), contrariava os interesses das velhas potências imperialistas como o Reino Unido (que até então o controlava) e França, além de Israel, pois como o Egito era contra a formação daquele país, o fechamento do canal para eles representaria seu isolamento. Ao mesmo tempo, tal questão se inseria no contexto da Guerra Fria (1947-1991), uma vez que essa querela deveria se acomodar aos interesses de EUA e URSS.
b) As potências diretamente envolvidas nessa questão foram o Reino Unido, a França e Israel, que desejavam impedir que o Egito, liderado por Nasser e que tinha apoio indireto da URSS, nacionalizasse o canal de Suez.
c) O período é marcado pelo nacionalismo árabe ou pan-arabismo, num contexto de descolonização. Surgem algumas novas repúblicas, tais como o Egito, que busca protagonismo, especialmente na Conferência de Bandung (1955). Contudo, disputas internas enfraqueceram o projeto pan-arabista, cujo um dos principais elementos aglutinadores era a oposição à formação do Estado de Israel (1948), fato que gerou grande tensão regional. Ao mesmo tempo, o período é marcado pela decadência das antigas potências imperialistas (Inglaterra e França) e pela imposição dos interesses das novas potências (EUA e URSS), especialmente em relação à questão do petróleo. Podemos dizer inclusive que os interesses dessas potências da Guerra Fria foram agravaram as tensões regionais mencionadas anteriormente, enfraquecendo assim a proposta pan-arabista e fomentando antagonismos regionais.