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Questão 2 Fuvest 2020 - 2ª fase - dia 2

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Questão 2

Teias Alimentares

Em um cerrado campestre bem preservado, ocorre a teia trófica representada no esquema.

a) Cite uma espécie dessa teia alimentar que ocupa mais de um nível trófico, especificando quais são eles.
b) Cite cinco espécies de uma cadeia alimentar que faça parte dessa teia. Desenhe um esquema da pirâmide de energia desse ambiente.
c) Com relação à dinâmica dessa teia alimentar, descreva o efeito indireto da extinção local do bem‐te‐vi sobre a população do predador de topo dessa teia (ou seja, aquele que preda sem ser predado por nenhum outro componente da teia). Caso o capim‐cabelo‐de‐porco venha a sofrer uma grande queda em sua biomassa, qual interação biológica seria esperada entre os consumidores primários que se alimentam desse recurso?

 



Resolução

a) Nesta teia alimentar o lobo-guará se comporta como consumidor primário quando se alimenta da lobeira (arbusto), como consumidor secundário quando se alimenta do gafanhoto-verde, como consumidor terciário quando se alimenta do teiú, e como consumidor quaternário quando se alimenta da jararaca-pintada, caso esta tenha se alimentado do teiú ou da rã manteiga anteriormente. Análise semelhante pode ser feita em relação à jararaca-pintada, que se comporta como consumidora secundária quando se alimenta da rolinha-roxa ou do ratinho-do-cerrado, e como consumidora terciária quando se alimenta do teiú ou da rã-manteiga.

 

b) Uma cadeia alimentar com cinco espécies  possível nesta situação seria:

lobeira → gafanhoto-verde → teiú →  jararaca-pintada → lobo-guará

A pirâmide de energia correspondente só poderia apresentar o padrão a seguir, uma vez que a cada nível trófico uma quantidade de energia se perde para o ambiente, seja na forma de fezes e urina, na manutenção da temperatura corporal, ou nas atividades celulares que consomem energia na forma de ATP.

 

c) O bem-te-vi é uma ave de pequeno porte, e que nesta representação desempenha o papel de consumidor secundário, se alimentando exclusivamente do gafanhoto-verde. Nesta teia alimentar o topo de cadeia é ocupado pelo lobo-guará. Caso o bem-te-vi seja extinto neste local, poderíamos esperar um aumento na população do gafanhoto-verde, o que poderia causar um impacto maior no consumo da vegetação, no caso a lobeira e o capim-cabelo-de-porco. Diminuindo a população da lobeira, teríamos uma menor quantidade deste alimento à disposição do lobo-guará. Apesar disso, o aumento da população do gafanhoto-verde poderia levar a uma maior disponibilidade de alimento para o teiú e para a rã-manteiga, e estes alimentos chegariam até o lobo-guará diretamente (teiú) ou indiretamente (rã-manteiga e posteriormente jararaca-pintada). Apesar da eliminação do bem-te-vi provocar uma leve desorganização do ambiente, com um pequeno desequilíbrio, provavelmente o lobo-guará teria a sua população aumentada levemente. A única possibilidade de algum prejuízo para o lobo-guará, que é um animal onívoro, seria o fato de ele ter uma diminuição na oferta do único alimento de origem vegetal neste ecossistema, e isso poderia levar, a longo prazo, a uma diminuição da oferta de algumas vitaminas e sais minerais que poderiam vir a ser prejudiciais ao animal.

Caso o capim-cabelo-de-porco sofra uma grande diminuição em sua biomassa, os animais que se alimentam dele (rolinha-roxa, ratinho-do-cerrado, e gafanhoto-verde) teriam menor quantidade de alimento a sua disposição, e estes animais estabeleceriam competição interespecífica, em busca de seu alimento. Como o gafanhoto-verde também se alimenta da lobeira, para ele essa diminuição talvez não fosse tão significativa, e sobre esta espécie o impacto provavelmente tenderia a ser menos intenso.