Texto 1
Recentemente, uma conhecida marca de materiais esportivos decidiu suspender as vendas de seu hijab esportivo (um lenço que cobre o cabelo, mas deixa o rosto livre). Ele seria vendido em 49 países. A empresa foi acusada de promover a violência contra as mulheres muçulmanas pelo fato de o hijab ser visto por várias pessoas como um elemento opressivo. A ministra da saúde da França, Agnès Buzyn, afirmou que, embora o produto não seja proibido na França, “não é uma visão da mulher da qual eu compartilho”: “Eu preferiria que uma marca francesa não promovesse o lenço. Tudo o que pode levar à diferenciação entre mulheres e homens me incomoda.” Aurore Bergé, porta-voz do partido francês A República em Marcha, também criticou a venda do produto, sugerindo um boicote à rede: “O esporte emancipa: ele não submete. Minha escolha como uma mulher e cidadã será deixar de depositar minha confiança em uma marca que afronta nossos valores.” Outras pessoas, contudo, defenderam a marca pela ação inclusiva e lamentaram a decisão da empresa de suspender as vendas. Inicialmente, a empresa havia defendido a venda do hijab, alegando que era “uma forma de tornar o esporte acessível a todas as mulheres do mundo.”
(www.bbc.com, 27.02.2019. Adaptado.)
Texto 2
“Essa marca de materiais esportivos se submete ao islamismo, que tolera mulheres apenas quando têm a cabeça coberta com um hijab para afirmar sua submissão aos homens. Ela, portanto, nega os valores da nossa civilização no altar do mercado do marketing identitário.”, declarou no Twitter a polêmica Lydia Guirous, porta-voz do partido francês Os Republicanos. A marca respondeu a Guirous, também nas redes sociais: “Fique tranquila, não negamos nenhum dos nossos valores. Sempre fizemos tudo para tornar o esporte mais acessível em qualquer lugar do mundo. Esse hijab era uma necessidade de algumas praticantes de corrida, então respondemos a essa necessidade esportiva.”
(https://operamundi.uol.com.br, 27.02.2019. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Vestimentas religiosas no esporte: legitimação da opressão ou liberdade de manifestação religiosa?
A proposta de Redação da UNIFESP 2020, novamente, traz à baila um tema polêmico: a questão das vestimentas religiosas, especificamente no esporte. A frase-tema, como é característica da UNIFESP, trouxe ao candidato a possibilidade de ao menos duas direções argumentativas dicotômicas - legitimação da opressão ou liberdade de manifestação religiosa.
Por meio de um coletânea enxuta, a UNIFESP buscou sensibilizar os cadidatos para o tema a partir do fato de uma famosa marca de materiais esportivos, a saber, a Decathlon, ter suspendido as vendas do hijab esportivo de sua marca, lenço utilizado por mulheres muçulmanas que cobre o cabelo e deixa o rosto livre. Na ocasião, a marca foi acusada de promover a violência contra as mulheres muçulmanas, no entanto, o argumento da Decathlon foi o de possibilitar o esporte ser acessível ao maior número possível de pessoas, haja vista que apenas com ele algumas mulheres muçulmanas poderiam praticar corrida.
Trata-se de questão polêmica, afinal, o lenço é interpretado na cultura ocidental como uma reafirmação da submissão das mulheres em relação aos homens, no entanto, é fato que, sem tal acessório, as mulheres muçulmanas ficam impedidas de praticar esporte e, mais ainda, perdem o direito de se manifestar em relação à sua religião.
A coletânea trouxe, no Texto 1, o depoimento da ministra da saúde da França, Agnès Buzyn, segundo a qual, apesar de o lenço não ser proibido na França, ela preferiria que uma marca francesa não endossasse o lenço por existir um incômodo em tudo que possa levar à diferenciação entre homens e mulheres. No mesmo texto, contudo, há quem critique a decisão da Decathlon de suspender as vendas do produto, pois se tratava de uma efetiva ação de inclusão de todas as mulheres do mundo no esporte.
Já no Texto 2, vê-se a crítica da porta-voz do partido francês Os Republicanos, Lydia Guirous, sgundo a qual os valores da civilicação ocidental foram negados pela Decathlon ao compactuar com a tolerância a mulheres no esporte apenas com as cabeças cobertas, o que seria submissão ao islamismo. Em resposta, a marca argumentou tratar-se apenas de uma necessidade esportiva de algumas mulheres praticantes de corrida, e que o lenço possibilitaria ao esporte ser mais ecessível em todo o mundo.
Com todas as informações da Coletânea e evocando seu conhecimento de mundo, o candidato deveria se posicionar argumentativamente em função de sua tese respondendo à pergunta: Vestimentas religiosas no esporte: legitimação da opressão ou liberdade de manifestação religiosa?