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Questão 13 Unifesp 2020 - 2ª fase - Português, Inglês e Redação

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Questão 13

Modernismo Parnasianismo

Leia o trecho do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira.

O sapo-tanoeiro
[...]
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia
Mas há artes poéticas...”

(Estrela da vida inteira, 1993.)


No trecho, o “sapo-tanoeiro” representa uma sátira aos



a)

modernistas. 

b)

românticos. 

c)

naturalistas. 

d)

parnasianos. 

e)

árcades.

 

Resolução

O poema de Manuel Bandeira, poeta pertencente ao Modernismo, faz uma crítica direta ao período literário anterior, o Parnasianismo. Isso, pois a proposta dos modernistas era justamente se afastar por completo dos valores parnasianos.

Os poetas parnasianos prezavam por um rigor formal por meio de versos bem trabalhados, compostos por rimas elaboradas, ritmo marcado, métrica e vocabulário raro e preciso. O oposto ocorreu no período subsequente, o Modernismo, quando os artistas, cansados da literatura inspirada nas escolas europeias, introduziram ao público um novo tipo de produção artística, caracterizada pela busca de produções inovadoras, rompendo com os padrões clássicos de metrificação. Para isso, os escritores defendiam o uso dos versos livres, ou seja, aqueles que não possuem a mesma medida.

Assim, a postura livre dos modernista se opõe drasticamente ao postulado pelos parnasianos. Tal desacordo é notado na crítica presente em “Os sapos”, já que o poema reproduz as características essenciais defendidas pelos parnasianos, isto é, a preocupação com a métrica regular e sonoridade. O poema segue um esquema de rimas ABAB, exceto no último terceto. Em termos de estrutura, o texto é construído a partir de redondilhas menores.

Quanto ao conteúdo trazido por Bandeira, a paródia traz ironia a todo momento, como por exemplo nos versos “O sapo-tanoeiro / Diz: - Meu cancioneiro / É bem martelado”, que satirizam a postura rígida dos parnasianos quanto à estrutura dos poemas. Por meio da metalinguística, o poeta modernista expressa sua crítica a uma arte rígida, o que é um ataque direto ao Parnasianismo.