amora
a palavra amora
seria talvez menos doce
e um pouco menos vermelha
se não trouxesse em seu corpo
(como um velado esplendor)
a memória da palavra amor
a palavra amargo
seria talvez mais doce
e um pouco menos acerba
se não trouxesse em seu corpo
(como uma sombra a espreitar)
a memória da palavra amar
Marco Catalão, Sob a face neutra.
Tal como se lê no poema, (
a) |
a palavra “amora” é substantivo, e “amargo”, adjetivo. |
b) |
o verbo “amar” ameniza o amargor da palavra “amargo”. |
c) |
o substantivo “corpo” apresenta sentido denotativo. |
d) |
o substantivo “amor” intensifica o dulçor da palavra “amora”. |
e) |
o verbo “amar” e o substantivo “amor” são intercambiáveis. |
a) Incorreta. Embora “amora” seja substantivo, “amargo” não é empregado como adjetivo, mas como substantivo, que se apõe a “palavra”.
b) Incorreta. Ao contrário do que se afirma, “amar” não abranda, mas torna mais penoso o substantivo “amargo”.
c) Incorreta. “Corpo”, nos versos em que aparece, tem sentido metafórico. Assim, sugere-se a materialidade da palavra, falada ou escrita.
d) Correta. Na primeira estrofe (“a palavra amora/ seria talvez menos doce/ e um pouco menos vermelha/ se não trouxesse em seu corpo/(como um velado esplendor)/ a memória da palavra amor”), observa-se que o eu lírico atribui à amora parcela de sua doçura e de sua cor, graças à presença de “amor” em seu interior (em seu corpo).
e) Incorreta. Essas palavras são colocadas pelo eu lírico numa chave de oposição: amor é doce; amar, amargo. Esse contraste inviabiliza a permutação deles.