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Questão 43 Fuvest 2020 - 1ª fase

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Questão 43

textos literários

O feminismo negro não é uma luta meramente identitária, até porque branquitude e masculinidade também são identidades. Pensar feminismos negros é pensar projetos democráticos. Hoje afirmo isso com muita tranquilidade, mas minha experiência de vida foi marcada pelo incômodo de uma incompreensão fundamental. Não que eu buscasse respostas para tudo. Na maior parte da minha infância e adolescência, não tinha consciência de mim. Não sabia por que sentia vergonha de levantar a mão quando a professora fazia uma pergunta já supondo que eu não saberia a resposta. Por que eu ficava isolada na hora do recreio. Por que os meninos diziam na minha cara que não queriam formar par com a “neguinha” na festa junina. Eu me sentia estranha e inadequada, e, na maioria das vezes, fazia as coisas no automático, me esforçando para não ser notada.

Djamila Ribeiro, Quem tem medo do feminismo negro?.


O trecho que melhor define a “incompreensão fundamental” referida pela autora é:



a)

“não que eu buscasse respostas para tudo”

b)

“não tinha consciência de mim”.

c)

“Por que eu ficava isolada na hora do recreio”

d)

“me esforçando para não ser notada”.

e)

“sentia vergonha de levantar a mão”.

Resolução

a) Incorreta. A autora justifica que seu incômodo não foi causado por uma busca incessante por respostas, mas, sim, pela falta de consciência sobre si mesma.

b) Correta. Segundo Djamila Ribeiro, sua experiência de vida foi marcada “pelo incômodo de uma incompreensão fundamental”. Tal incômodo fica explícito nos trechos em que a autora narra sua juventude. Segundo ela, “eu me sentia estranha e inadequada, e, na maioria das vezes, fazia as coisas no automático, me esforçando para não ser notada”. Esse desconforto era fruto de sua falta de consciência sobre si própria, o que marcou a maior parte de sua infância e adolescência.

c) Incorreta. “Por que eu ficava isolada na hora do recreio” é um exemplo que ilustra a falta de consciência da autora, uma vez que ela não sabia por que as situações relatadas aconteciam (sentir vergonha de fazer uma pergunta à professora, ficar sozinha no recreio...). Pela leitura do texto, é possível depreender que tais acontecimentos eram consequência do racismo institucionalizado no ambiente escolar.

d) Incorreta. Em seu relato, a autora deixa claro que, por se sentir estranha e inadequada, fazia as coisas no automático e se esforçada para não ser notada. Tal sentimento é fruto, justamente, de sua incompreensão fundamental, causada pela falta de consciência.

e) Incorreta. Assim como na alternativa “C”, o trecho trazido compõe um relato sobre a juventude de Djamila, que é construído para fundamentar a ideia de que “pensar feminismos negros é pensar projetos democráticos”.